O iFood irá investir, pelo menos, meio bilhão de dólares, no próximo ano, para atingir a meta de ser um dos maiores players globais no delivery de comida. O aporte, que pode ser ainda maior, a depender de novos sócios, será quase integralmente dedicado para as operações no Brasil. A empresa estima que este é o maior investimento em uma startup de tecnologia da história do país.
O dinheiro vem da Movile, controladora do iFood, e também dos fundos que já investem na empresa, o brasileiro Innova Capital e o Naspers, com sede na África do Sul. Novos sócios devem entrar na jogada, o que pode aumentar o valor do investimento, segundo o CEO da Movile, Fabricio Bloisi, que falou com jornalistas no início da tarde desta terça-feira (13).
A meta é queimar este dinheiro já nos próximos meses, de agora até o final de 2019, o que significa um investimento bastante pesado em tecnologia, aos moldes do que fazem as empresas líderes de mercado dos EUA e da China, avalia o CEO.
Para se ter ideia, no últimos cinco anos o investimento total no iFood foi de cerca de US$ 100 milhões. Em um ano, a empresa pretende gastar US$ 500 milhões, nas áreas de logística, tecnologia, promoções, pessoas e fusões e aquisições.
Em logística, a meta é aumentar o número de entregadores, que hoje é de 120 mil (crescimento de 88% em relação ao ano passado) e dobrar o número de cidades (o aplicativo atua em 483 muinicípios de todos os estados brasileiros).
O crescimento logístico também passa por tecnologia. O iFood quer entregar mais rápido e de forma mais barata. Outro plano é simplificar a forma como a comida é pedida, com novas interfaces, como o pedido por voz. Tudo isso deve envolver um investimento pesado em inteligência artificial. O aplicativo também deve se tornar mais inteligente, oferecendo pedidos personalizados de acordo com o perfil de cada cliente.
As fusões e aquisições são parte da estratégia do Grupo Movile que, nos últimos anos, incorporou mais de 30 startups, a maior parte delas na área de alimentação. Em agosto deste ano, por exemplo, o grupo comprou a operação brasileira da “Pedidos Já”, startup fundada no Uruguai, mas que, atualmente, pertence à alemã Delivery Hero.
Líder global
O objetivo da Movile (que deve centrar esforços no iFood, sua principal marca) é tornar o aplicativo de comida mais popular do Brasil em um dos líderes globais do setor. E o pilar central para atingir esta meta é fazer a lição de casa: ampliar a liderança e atuação no mercado brasileiro, por primeiro, e na América Latina, de forma secundária.
Hoje o iFood também atua no México e na Colômbia (a operação argentina foi vendida para o concorrente Delivery Hero, na operação de compra do Pedidos Já). “Eu penso grande. A gente quer ter um bilhão de clientes e, para isso, vai precisar ser uma empresa global. Mas nosso objetivo é ser líder na América Latina”, resume Fabricio Bloisi, da Movile.
A empresa, que não revela valor de faturamento, estima dobrar de tamanho a cada ano. E garante que este ritmo deve ficar ainda mais acelerado, no próximo período, mesmo com a entrada de novos players no mercado brasileiro.
A incômodo com os concorrentes, aliás, é minimizado pelo iFood. O app garante ter 16 vezes mais usuários ativos, por dia, do que o segundo colocado, segundo dados da SimilarWeb que levam em conta usuários do sistema Android.
Unicórnio low profile
“Já passou de US$ 1 bilhão faz tempo”. Foi sem muito alarde que o CEO da Movile, Fabricio Bloisi, revelou que a empresa pode ser considerada, com folga, um unicórnio — empresa que surgiu como startup e é avaliada em mais de US$ 1 bilhão.
A marca já foi batida “tem tempo”, mas a empresa optou por não revelar antes para não criar algum tipo de factoide. “Existe uma moda hoje de que é preciso falar ‘eu sou unicórnio’, o que gera uma distração das empresas de tecnologia”, availia Bloisi. “A gente é uma empresa que fala pouco e trabalha mais”, diz ele.
Apesar da notícia não ser nova, a Movile resolveu abrir o jogo de que, sim, já é um unicórnio, inclusive para não gerar dúvidas em relação ao novo movimento de investimento. A ideia era não correr risco de anunciar um aporte de meio bilhão de dólares e se deparar com a interpretação de que a empresa não vale um bilhão.
O executivo minimiza o termo, também, com base em um otimismo: “No Brasil a gente fica disputando o sonho de ser uma empresa de um bilhão, mas dá para fazer muito mais. Tenho certeza de que vamos ter várias empresas de mais de 10 bilhões e algumas de mais de 30 bilhões, em breve”.
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