O enfraquecimento na taxa do Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) entre julho e agosto (de 2% para 0,38%) foi a mais intensa desaceleração mensal no resultado do índice desde janeiro de 2003, quando o índice subiu 2,29% após registrar alta de 4,87% em dezembro de 2002. A informação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
De acordo com ele, apenas a movimentação de preços de três produtos no atacado foram responsáveis por mais de 40% da desaceleração da taxa do índice, de julho para agosto. É o caso de soja em grão (de 12,88% para -6,51%); bovinos (de 11,15% para 0,72%); e milho (de 6,93% para -3,73%). Mas em termos gerais, os comportamentos de preços dos produtos agropecuários no atacado, e dos alimentos no varejo, estão apresentando queda ou desaceleração. Isso ajudou a derrubar o Índice de Preços no Atacado (IPA) - de 2,54% para 0,25% - e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - de 0,65% para 0,36% - no período. "Mas o IPA, por ter mais peso e ter desacelerado mais, teve maior contribuição na taxa menor do IGP-10", disse.
No atacado, houve taxas menores de inflação, ou até deflação, tanto nos preços dos itens agropecuários (de 4,66% para -1,98%); quanto nos itens industriais (de 1,71% para 1,13%). Mas o setor agropecuário foi o que mais pesou na formação da taxa menor do IPA - e, por conseqüência, na do IGP-10 de agosto. "Houve uma desaceleração de preços ampla, geral e irrestrita nos preços dos produtos agropecuários no atacado", disse, acrescentando que não são somente as commodities que estão com os preços comportados no atacado. Entre os destaques de quedas de preços no setor atacadista, que não são relacionadas às commodities, estão a do tomate (-12,76%); e a do leite in natura (-3,25%).