Será que um jogo de computador é mesmo capaz de despertar o tino empresarial nas pessoas? A questão certamente ocupou a mente do jornalista mais ou menos desconfiado que seguia para o Rio de Janeiro para participar de uma versão "café-com-leite" do Desafio Sebrae com profissionais da imprensa de todo o país. Depois de dois dias brincando de ser empreendedor, não restam dúvidas: o software e a metodologia desenvolvidos pelo Sebrae fazem o jogador mergulhar num universo instigante e desafiador, e a vontade de vencer toma conta das equipes participantes.
Como o próprio gerente do Sebrae Enio Pinto definiu, o jogo é um conjunto de várias disciplinas universitárias ali estão o marketing, a logística, a gestão de pessoas, questões financeiras e operacionais, entre tantas outras. E, para jogar, é preciso aprender um pouco de cada.
Talvez um dos grandes méritos do jogo seja o de não ser uma ferramenta estática, um pacote fechado para o qual há respostas certas e erradas. Não. Como são várias equipes jogando, há um "mercado" virtual, que se transforma a cada rodada. Como fazer então para competir com o concorrente que colocou os preços lá embaixo? Que parcela da minha produção eu vou destinar ao mercado externo quando o doméstico está bem aquecido? O que fazer quando as pesquisas de mercado mostram que meu concorrente está vendendo mais? Qual meu investimento em marketing? Devo buscar empréstimos a longo prazo se a taxa de juros está em queda? Que projeto social ou ambiental devo apoiar?
Essas são apenas algumas das questões que surgem durante a brincadeira que, num piscar de olhos, vira assunto sério. Os jornalistas antes "mais ou menos desconfiados" agora são equipes altamente competitivas, estudam cada passo a ser tomado e não dão mole para a concorrência.
A minha equipe, formada por mim e colegas de São Paulo, Roraima e Ceará, terminou o jogo em segundo lugar, depois de um erro estratégico na primeira rodada (sim, esquecemos de investir em divulgação!). Ficou a lição e um gostinho de que poderíamos ter saído vitoriosos. Isso depois de algumas horas de jogo, sem premiação, só para experimentar como funciona. Já pensou quando é pra valer? (FL)
