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Investimentos

“Ilusão monetária” esfria CDBs

Veja a evolução dos estoques de títulos desde o ano passado |
Veja a evolução dos estoques de títulos desde o ano passado (Foto: )

Nove por cento ao ano é muito ou é pouco? Para o investidor brasileiro, parece ser pouco. É por isso que os CDBs, que no início do ano experimentaram um momento de grande popularidade, estão registrando crescimento mais modesto agora. Este ano, o estoque dos CDBs cresceu, até novembro, pouco mais de 20%. Em 2008, o crescimento acumulado alcançou 106,5%, movido pela entrada de R$ 351,5 bilhões. Os CDBs são títulos que os bancos emitem e oferecem aos clientes. Se desejam atrair mais investidores, elevam as taxas oferecidas. Na crise, com os bancos em dificuldade para conseguir dinheiro no mercado de capitais, a opção foi ofertar taxas mais altas nos CDBs. E o resultado foi o boom dessa aplicação no ano passado.Com o retorno das condições normais de mercado, analistas avaliam que esse crescimento faz parte do passado. O recuo da taxa básica de juros Selic – referência para as outras taxas praticadas no mercado financeiro – pesou sobre o retorno dos CDBs, cuja rentabilidade média mensal era de 1,01% em janeiro e desceu para 0,63% em novembro. "É uma taxa bem alta, na comparação com outros países", observa o professor José Guilherme Vieira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "Mas o brasileiro sofre de uma espécie de ilusão monetária: não sabe discernir uma taxa alta ou baixa, talvez por ter sido exposto a taxas muito altas por um período prolongado", diz. "O país passou a achar normal ter juros básicos de 19% ao ano."

Em fins do ano passado e no início de 2009, era fácil entender porque os CDBs estavam no alvo dos investidores. Outras aplicações, em especial a bolsa, passavam por um momento difícil e o CDB era visto como uma alternativa mais segura. "A chave para essa segurança era o Fundo Garantidor de Crédito (FGC)", diz Vieira. O FGC é um mecanismo pelo qual o governo garante depósitos bancários – inclusive depósitos a prazo, como os CDBs – até o limite de R$ 60 mil. Numa situação de crise, a garantia do FGC foi um porto seguro para os investidores.

Terminada a tempestade, entretanto, os recursos voltaram para as suas aplicações de origem, como as ações e os imóveis. A bolsa voltou a subir forte – a alta acumulada do Ibovespa este ano está em 84,5% –, deixando para trás os CDBs e outras aplicações de renda fixa. "Os 9% da renda fixa passaram a ser desestimulantes", explica Vieira.

Fácil e transparente

"O CDB é um produto interessante, transparente e fácil de o investidor entender. Mas os bancos não estão mais interessados em ofertar esse produto como ocorreu no ano passado’’, afirma Mauro Halfeld, consultor e professor da Universidade Federal do Paraná. "Para os investidores pequenos, que recebem ofertas de taxas menores, o CDB chega, em alguns casos, a render menos do que a poupança ou do que um fundo DI’’, diz Halfeld.

Como cada banco oferece seu CDB, as taxas variam de uma instituição para outra. Normalmente, os bancos de menor porte são os que pagam as taxas mais altas. Mas o candidato a investidor deve sempre avaliar os riscos envolvidos na aplicação. Instituições maiores tendem a ser muito mais sólidas que bancos pequenos, o que significa que é menos arriscado aplicar em seus CDBs.

As taxas que os clientes conseguem também oscilam de acordo com o montante que têm para aplicar: quem detém mais recursos abocanha rentabilidade mais polpuda. No acumulado do ano, enquanto a rentabilidade média do CDB está em 9,57%, os grandes investidores, com aplicações acima de R$ 300 mil, conseguiram retorno de 10,37%.

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