Há quatro anos tentando reequilibrar suas contas, a Imcopa publicou ontem comunicado em que confirma ter impetrado recuperação judicial remédio legal para evitar falência em que as empresas apresentam em juízo proposta de pagamento de dívidas. Sem esclarecer qual sua situação financeira atual, a maior processadora de soja não transgênica do Brasil, com sede em Araucária, na região de Curitiba, alegou tratar-se de "solução final da estabilização de seu endividamente junto aos bancos". As atividades "industriais, comerciais e operacionais" seguem a "normalidade", garantiu a companhia, que tem 300 funcionários.
Histórico
O pedido de recuperação judicial surpreendeu o mercado, depois de um ano de preços recordes em que as indústrias ligadas à soja comemoraram bons resultados. A Imcopa teve prejuízo de R$ 141 milhões em 2008 ao sofrer um revés com a variação cambial. Com o tombo financeiro, suas dívidas teriam atingido a casa de R$ 1 bilhão. Há dois anos a empresa tentava a via negociada junto aos bancos credores, entre eles o HSBC, com R$ 400 mil financiados.
O problema financeiro forçou a Imcopa reduzir sua atividade. A empresa processava 2 milhões de toneladas de soja por ano em 2008 e recuou a 850 mil toneladas em 2009. Desde então, tenta reanimar os negócios e evitar ociosidade. Com estrutura para processamento de 1,6 milhão de toneladas de soja anuais, até 2008, chegava a alugar instalações de terceiros. A meta para 2012 era voltar a esse ritmo.
Os dois diretores da empresa que poderiam falar sobre a recuperação judicial estavam em viagem ontem, informaram assessores. Na nota oficial, a companhia sustentou que seu negócio "é absolutamente viável" e irá "arcar com seu endividamento bancário, bem como, refazer seu capital de giro".
Paraná
Com duas unidades de processamento de soja no Paraná, uma em Araucária (sede) e outra em Cambé (Norte), a Imcopa vem atuando nos últimos anos em parceria com o Grupo Petrópolis, de cervejas, vodcas e energéticos. A venda e distribuição dos derivados de soja produzidos pela companhia em crise, que surgiu em Ponta Grossa na década de 1960, são feitas pelo grupo de origem carioca. O Petrópolis, até o fechamento desta edição, também não se pronunciou sobre a recuperação judicial.
Além dos problemas financeiros, a Imcopa enfrenta falta de matéria-prima para se manter como "maior processadora de soja não transgênica do Brasil". A predomínio do cultivo de transgênicos no Paraná força a indústria a pagar adicionais de R$ 2 por saca de soja rastreada e a buscar grãos em outros estados.
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