De janeiro de 2006 a julho deste ano, o preço médio do metro quadrado de imóveis residenciais em Curitiba subiu 156% um apartamento comprado há cinco anos por R$ 150 mil vale hoje algo em torno de R$ 380 mil. O crescimento é superior à valorização dos aluguéis na cidade e bem acima da inflação medida pelo IPCA, segundo levantamento mensal realizado pelo Sindicato de Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR). O aumento constante dos preços de imóveis levanta a questão: até quando eles vão continuar subindo?
Analistas estão longe de um consenso. Para muitos, o movimento atual é parte de um longo ciclo de alta, provocado por um descompasso entre oferta e demanda. Por diversos motivos baixa oferta de terrenos, escassez de mão de obra, exigências ambientais pouco flexíveis e tempo longo para a construção de imóveis , a oferta de novas casas e apartamentos não acompanha o desejo do mercado consumidor. O fenômeno também ganha força com a pressão pelo lado da demanda, que vem crescendo com o aumento da renda do trabalhador e o maior acesso ao crédito.
"Preço justo"
Mas mas há quem argumente que já é possível soar o alerta de uma bolha de preços bolhas são caracterizadas pelo valor de um ativo acima de seu preço justo, calculado pela reposição dos custos mais uma margem de lucro compatível com o risco do negócio. O professor João da Rocha Lima Jr, do Núcleo de "Real Estate" da Poli-USP, tem analisado os números do mercado de São Paulo e afirma que já é possível identificar sinais de bolha por lá. Ao comparar os preços dos imóveis com o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), indicador dos custos do setor, as análises mostram que os preços dos imóveis estão acima de seu preço justo.
O mesmo fenômeno pode ser verificado na capital paranaense. De janeiro de 2006 até julho deste ano, o INCC aumentou 46% medido pela FGV, o índice faz um média dos custos de materiais e mão de obra da construção civil em sete capitais brasileiras. Por uma decisão metodológica da instituição, Curitiba deixou de ser pesquisada em 2009, mas o INCC serve de termômetro para o país.
Descolamento
Se comparado à valorização dos imóveis na cidade, o índice mostra que, assim como em São Paulo, os preços estão descolados da variação dos custos de construção. Enquanto os imóveis valorizaram quase 20% nos últimos 12 meses, a inflação da construção civil foi de 7,28%. "Não é possível afirmar que estamos vivendo uma bolha", ressalta o professor da USP. "As bolhas são temas delicados, porque você não pode defini-las com antecedência, apenas fazer alertas. Só sabemos que ela ocorreu quando ela se desvanece", avisa.