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Imóveis sobem abaixo da inflação

Entre janeiro de 2014 e o mesmo mês deste ano, alta foi de 6,6%, ante elevação de 7,13% do IPCA. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Entre janeiro de 2014 e o mesmo mês deste ano, alta foi de 6,6%, ante elevação de 7,13% do IPCA. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

O crescimento da inflação tem sido tão forte e consistente que, em janeiro, superou a valorização média mensal dos imóveis de Curitiba, em uma relação inédita nos últimos anos. Isso pode criar uma janela de compra para o consumidor interessado em investir, que ganha poder de barganha em um momento em que as incorporadoras mantêm estratégias promocionais para acelerar a redução dos estoques (leia mais nesta página).

O indicador oficial de inflação (IPCA) somou altas de 7,13% e 7,70% nos 12 meses encerrados em janeiro e fevereiro, respectivamente, superando o reajuste médio acumulado de apartamentos novos na cidade, que foi de 6,6% e 5,8% no mesmo período, conforme dados da Ademi-PR (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná).

Historicamente, essa relação era inversa, com os imóveis subindo a níveis superiores ao da inflação. O pico histórico ocorreu em 2010, quando o preço do metro quadrado cresceu 17,7%, frente a um índice oficial de 5,9%. Isso ocorreu devido à “retomada dos lançamentos imobiliários, após um período de estagnação caracterizado por demanda reprimida e escassez de oferta”, segundo a presidente da Ademi-PR, Aline Perussolo Soares, em entrevista por e-mail.

O mercado afirma que a inversão das curvas ocorre graças a uma coincidência entre a aceleração da inflação, puxada pelo reajuste de preços administrados, e a estabilização do preço dos imóveis, com vistas a equilibrar oferta e demanda após um período intenso de lançamentos.

As incertezas da economia, com elevação de juros e redução da oferta de crédito, afetaram a intenção de compra de parte dos consumidores e contribuíram para esse quadro. “O primeiro trimestre é sempre interessante, mas, neste ano, foi atípico. As pessoas estão mais cautelosas em assumir dívidas ou de se descapitalizar para comprar um imóvel em longo prazo”, diz a gerente administrativa da Gonzaga Imóveis, Cleusa Cordeiro.

O mercado projeta que a escalada do IPCA deva afetar o setor, mas estima que o reajuste dos imóveis siga em um patamar estabilizado e inferior à inflação, ao menos em curto prazo. “A inflação tem impacto direto no aumento dos custos dos insumos da construção civil para novos empreendimentos, especialmente de materiais e equipamentos. Isso leva a um aumento no preço final do imóvel, mas não nos mesmos patamares do índice oficial de inflação”, explica Aline.

Hora de barganhar

Especialistas consideram o momento interessante para o comprador interessado em investir, dados os patamares de preço e a situação do mercado. “As empresas estão com estoques maiores que o normal e têm necessidade de dar descontos para vender essas unidades. Com isso, as pessoas têm condições de negociar bem a compra do imóvel”, diz Gilberto Benevides, coautor do livro “Investir em Imóveis: Entenda os Segredos Práticos Deste Mercado”.

O poder de barganha cresce, no caso de o investidor dispor de um capital interessante para o aporte inicial. É preciso, porém, ficar atento à natureza das promoções. “Tem de tomar cuidado para não ser enganado com anúncios de descontos. A capacidade de barganha está ligada à competência para descobrir o preço real. E isso se faz buscando informações sobre o valor de imóveis na região”, orienta Luiz Calado, autor do livro “Imóveis: Seu Guia Para Fazer da Compra e Venda um Grande Negócio”.

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