O crescimento da inflação tem sido tão forte e consistente que, em janeiro, superou a valorização média mensal dos imóveis de Curitiba, em uma relação inédita nos últimos anos. Isso pode criar uma janela de compra para o consumidor interessado em investir, que ganha poder de barganha em um momento em que as incorporadoras mantêm estratégias promocionais para acelerar a redução dos estoques (leia mais nesta página).
Dicas para comprar bem
Veja cinco atitudes para fazer um bom negócio:
- Escolha um imóvel adequado ao seu perfil, considerando tamanho (necessidades da família) e localização (estrutura desejada).
- Tenha paciência e seja racional. Agir com pressa e se valer de fatores emocionais para a decisão aumentam o risco de fazer um mau negócio.
- Caso recorra a um financiamento, pesquise e encontre as taxas mais vantajosas para o seu perfil.
- Opte por um investimento em conformidade com seu poder financeiro, evitando comprometer mais de 30% do orçamento em prestações.
- Informe-se sobre o preço de imóveis na região para negociar descontos reais, livrando-se de engodos durante o processo de compra.
O indicador oficial de inflação (IPCA) somou altas de 7,13% e 7,70% nos 12 meses encerrados em janeiro e fevereiro, respectivamente, superando o reajuste médio acumulado de apartamentos novos na cidade, que foi de 6,6% e 5,8% no mesmo período, conforme dados da Ademi-PR (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná).
Historicamente, essa relação era inversa, com os imóveis subindo a níveis superiores ao da inflação. O pico histórico ocorreu em 2010, quando o preço do metro quadrado cresceu 17,7%, frente a um índice oficial de 5,9%. Isso ocorreu devido à “retomada dos lançamentos imobiliários, após um período de estagnação caracterizado por demanda reprimida e escassez de oferta”, segundo a presidente da Ademi-PR, Aline Perussolo Soares, em entrevista por e-mail.
O mercado afirma que a inversão das curvas ocorre graças a uma coincidência entre a aceleração da inflação, puxada pelo reajuste de preços administrados, e a estabilização do preço dos imóveis, com vistas a equilibrar oferta e demanda após um período intenso de lançamentos.
As incertezas da economia, com elevação de juros e redução da oferta de crédito, afetaram a intenção de compra de parte dos consumidores e contribuíram para esse quadro. “O primeiro trimestre é sempre interessante, mas, neste ano, foi atípico. As pessoas estão mais cautelosas em assumir dívidas ou de se descapitalizar para comprar um imóvel em longo prazo”, diz a gerente administrativa da Gonzaga Imóveis, Cleusa Cordeiro.
Construtoras realizam promoções para atrair clientes
Cyrela e Rossi oferecem descontos, móveis e até viagens para quem fechar negócio em unidades prontas ou em construção
Leia a matéria completaO mercado projeta que a escalada do IPCA deva afetar o setor, mas estima que o reajuste dos imóveis siga em um patamar estabilizado e inferior à inflação, ao menos em curto prazo. “A inflação tem impacto direto no aumento dos custos dos insumos da construção civil para novos empreendimentos, especialmente de materiais e equipamentos. Isso leva a um aumento no preço final do imóvel, mas não nos mesmos patamares do índice oficial de inflação”, explica Aline.
Hora de barganhar
Especialistas consideram o momento interessante para o comprador interessado em investir, dados os patamares de preço e a situação do mercado. “As empresas estão com estoques maiores que o normal e têm necessidade de dar descontos para vender essas unidades. Com isso, as pessoas têm condições de negociar bem a compra do imóvel”, diz Gilberto Benevides, coautor do livro “Investir em Imóveis: Entenda os Segredos Práticos Deste Mercado”.
O poder de barganha cresce, no caso de o investidor dispor de um capital interessante para o aporte inicial. É preciso, porém, ficar atento à natureza das promoções. “Tem de tomar cuidado para não ser enganado com anúncios de descontos. A capacidade de barganha está ligada à competência para descobrir o preço real. E isso se faz buscando informações sobre o valor de imóveis na região”, orienta Luiz Calado, autor do livro “Imóveis: Seu Guia Para Fazer da Compra e Venda um Grande Negócio”.
Segmento de luxo é uma exceção
A valorização em ritmo inferior à inflação é verificada em imóveis de um, dois e três quartos, mas não se aplica a apartamentos de quatro dormitórios, conforme as estatísticas da Ademi-PR (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná). Unidades com esse perfil, classificadas no segmento de luxo, tiveram reajuste acumulado de 9,4% em fevereiro, ante uma inflação oficial de 7,7%.
A exceção acontece porque o ramo não é tão afetado por movimentos econômicos atuais, como a redução e o encarecimento de crédito, que impactam diretamente compradores de menor poder aquisitivo e desaquecem o mercado. A Ademi-PR acrescenta que a demanda por esse tipo de residencial é superior à oferta e que o setor ainda tem potencial para lançamentos, o que deve manter os preços em alta. O valor médio do metro quadrado para este segmento em fevereiro era de R$ 8.505 - a média, entre apartamentos de todos os tamanhos, era de R$ 6.215.
Outra diferença diz respeito às regiões da cidade. Embora a pesquisa da Ademi-PR use dados agregados, o movimento de desaceleração de preços em imóveis com até três quartos é sujeito a variações conforme o bairro escolhido. “É difícil falar de Curitiba como um todo. O Batel, por exemplo, é um bairro em que o preço não diminui e que dificilmente vai sentir baque de preço. Já no Ecoville, que é mais distante, a desaceleração é sentida com mais força”, diz o gerente comercial da Cyrela Paraná, Felipe Silveira.
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