A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) avançou na quinta-feira (31) 1,29%, aos 54.490 pontos pelo Ibovespa, seu principal índice. Mas nada suficiente para apagar o turbulento mês de maio, marcado pela piora da crise na Europa e a perda total de US$ 4,5 trilhões em valor de mercado das bolsas no mundo. O Ibovespa recuou 11,86% no mês, seu pior desempenho mensal desde outubro de 2008 (-24,80%), o auge da crise financeira internacional. Foi a terceira queda mensal seguida do mercado e o pior resultado para meses de maio desde a crise cambial russa, em 1998.
"O gatilho das perdas foi o impasse político na Grécia, no começo do mês, que aumentou a possibilidade de o país sair da zona do euro. Isso provocou aversão ao risco e levou estrangeiros a sacar dinheiro de aplicações em países emergentes. Esse dinheiro é colocado em lugares mais seguros, como o dólar e títulos públicos de países desenvolvidos."
O dólar comercial acumulou assim um avanço de 5,82% em maio, a terceira alta mensal seguida. No ano, a valorização chegou a 7,97%. No pregão de ontem, a moeda valorizou-se 0,09%, a R$ 2,018, após uma queda de braço entre operadores em torno da formação da Ptax, a taxa que liquida contratos de câmbio no mercado futuro. O Banco Central (BC) apenas assistiu, sem intervir na moeda.
Dow tem maior queda mensal em dois anos
Segundo analistas, somente a Bolsa de Madri recuou mais do que a brasileira em maio (13,14%), onde o setor bancário tem sido colocado em xeque. O mês foi, porém, de fortes perdas pelo mundo. O Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, registrou baixa de 6,21% em maio, a maior em dois anos. Na Europa, o índice Stoxx Europe 600 - das principais ações da região - caiu 7% e teve o pior resultado mensal desde agosto de 2010.
Ontem, as Bolsas abriram em queda com a divulgação de dados negativos sobre o mercado de trabalho americano: o setor privado gerou 133 mil novos empregos em maio, contra expectativa de 157 mil postos. Na parte da tarde, as perdas foram amenizadas por rumores de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estaria preparando um plano de socorro à Espanha, o que acabou negado pelo governo espanhol.