A importação de produtos e peças, em franca expansão devido ao real valorizado, está fuzilando o setor eletrônico brasileiro. As empresas do ramo dizem que, se nada for feito para reduzir os custos de produção, elas entrarão em colapso. Para a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o setor está no limite da competitividade e apenas com ação governamental a situação pode ser revertida.

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Além do dólar em baixa, o velho e famoso "custo Brasil" é apontado como co-responsável pela crise iminente do setor eletrônico. A avaliação da Abinee é de que com o dólar cotado entre R$ 2,50 e R$ 3, as deficiências do Brasil são "mascaradas". Mas com a cotação atual, em torno de R$ 2,15, os problemas ficam escancarados.

De acordo com dados da Abinee, as importações de eletroeletrônicos no primeiro semestre de 2006, em relação ao mesmo período do ano passado, cresceram 33% em dólares, atingindo US$ 9 bilhões. Considerando apenas as utilidades domésticas, houve expansão de 57%. A importação dos aparelhos de som e vídeo foi ainda maior: alta de 70%. A China, com grande escala de produção e a especialização em itens de alta tecnologia, ganhou espaço no mercado brasileiro de eletroeletrônicos. As vendas para o Brasil aumentaram 64% no período.

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As empresas paranaenses do setor não estão mais conseguindo fazer frente à invasão chinesa e asiática. Outras empresas também repetem o roteiro da paranaense Britânia. A Circuibrás, fabricante de placas eletrônicas instalada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), ainda mantém 120 funcionários, mas perdeu clientes e passou muitos meses com as contas no vermelho. De acordo com o diretor Carlos Webber, o mercado está praticamente em extinção pela concorrência asiática. "Se não for tomada alguma medida emergencial, o setor eletrônico brasileiro vai se extinguir", prevê.

Segundo Webber, três fatores prejudicam o ramo: carga tributária, juros e real supervalorizado. "Hoje é mais barato importar peças e insumos, mesmo com o custo do frete e imposto incidente, do que comprar no Brasil." Ele conta que há alguns anos havia no Brasil cerca de 200 indústrias de placas de circuito impresso, reduzidas a no máximo 50. "Nós fazemos a nossa parte. Não há mais de onde reduzir custos", diz.

A S&C Electric do Brasil, de São José dos Pinhais, importa cerca de 40% dos isoladores de porcelana que utiliza para fabricar equipamentos para linhas de transmissão e distribuição. O diretor industrial Gilberto Toniolo disse que poderia adquirir 100% das peças no Brasil, o que se torna inviável com o preço das commodities, como ferro e aço. "Quando o dólar estava alto, as peças subiram muito de preço, mas não voltaram a baixar com a valorização do real", relata.

A NHS Sistemas eletrônicos, também da CIC, estuda a troca de fornecedores nacionais pelo mercado externo. A empresa já importa itens de alta tecnologia sem similar no mercado nacional para fabricar no-breaks e estabilizadores. Mas a troca atingiria artigos mais simples. "O que preocupa é que essa tendência ganhe força e a gente, para continuar competindo, tenha que passar a importar", explica o diretor administrativo da NHS, Clairton Joacir Cardoso.

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