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Investimento

Empresas brasileiras abrem filiais

Enquanto mercadorias paraguaias começam a transpor legalmente a Ponte da Amizade, brasileiros chegam à região de Ciudad Del Este em busca de novos mercados. É lá que prospera um cinturão de fábricas e empresas como a Petrobras Paraguai, TAM Airlines, Interbanco (Itaú-Unibanco), Penalty e Frigorífico Quality Meat (do JBS). Fábricas de cabines, implementos agrícolas, artigos de plásticos e móveis também marcam presença na região. Conforme dados do Ineespar, entre o primeiro trimestre de 2006 e o terceiro trimestre de 2008, o estoque de investimento estrangeiro direto (IEd) total no Paraguai aumentou 118%, chegando a US$ 2,5 bilhões. A participação do Brasil subiu 135% de 2005 até 2008, principalmente nos setores secundário e terciário, chegando à marca de US$ 348 milhões.

Nem só do contrabando vive o comércio bilateral entre Brasil e Paraguai. Empresas dispostas a transitar na contramão da ilegalidade começam a surgir em Foz do Iguaçu com produtos paraguaios na vitrine. Na relação de mercadorias, fabricadas na região de Ciudad Del Este ou na capital Assunção, estão motocicletas, fermento, colchões, plásticos, brinquedos, CDs, DVDs, bolsas e cobertores.

As mercadorias, legalizadas e com preço competitivo, são uma aposta de empresários que pretendem aproveitar as condições vantajosas de produção no Paraguai. A carga tributária no país vizinho equivale a 20% da praticada no Brasil, enquanto os encargos sociais a um terço. A matéria-prima para a confecção dos produtos chega de todas as partes do mundo e algumas têm isenção de impostos.

O chinês Rubens Shih é um dos empresários que perceberam o potencial de negócio. Sócio de uma fábrica de cobertores no Paraguai onde trabalham cerca de 100 funcionários, ele abriu uma filial em Foz do Iguaçu para colocar o produto no mercado brasileiro. Shih diz que optou pelo negócio porque vê vantagens na importação legalizada para o Brasil. "Quero vender para um comércio que não seja a Rua 25 de Março em São Paulo ou os camelôs. Quero atingir magazines brasileiros", conta. Vivendo desde os sete anos no Brasil, ele se considera parte de uma geração que não pretende se limitar a vender produtos para sacoleiros.

O empresário abriu a filial, chamada Kamamya, há três meses. Já planejou a participação em feiras e fez contatos pensando nas vendas para o próximo inverno. Na filial de Foz, Shih não paga Imposto de Importação porque está trazendo ao Brasil um produto do Mercosul, embora tenha que arcar com outros tributos, incluindo o ICMS e Cofins.

Outro empresário que está satisfeito com o negócio é Ricardo Datsch. Representante da marca KK Toys no Brasil, ele começou a importar brinquedos de uma fábrica do Paraguai há dois anos. Hoje tem clientes no Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo e chega a importar US$ 300 mil por ano. Datsch diz que o negócio é vantajoso porque o produto é isento de imposto de importação por ter certificado de origem do Mercosul. Por chegar ao Brasil via importação legal, a mercadoria também tem certificado do Inmetro. O economista e diretor geral do Instituto de Estudos Econômicos e Sociais do Paraná (Ineespar), Wagner Enis Weber, diz que hoje há a uma tendência de aproximação do empresário paraguaio do mercado brasileiro. "Eles estavam acostumados a esperar o empresário brasileiro ir ao Paraguai. Agora perceberam que precisam trabalhar o cliente, com investimentos até mesmo em marketing e atendimento. Muita mercadoria que entra via sacoleiro vai começar a entrar formalmente", diz.

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