As encomendas para o Natal e os investimentos produtivos no País aceleraram o aumento das importações em setembro, cujo resultado de US$ 17,74 bilhões foi recorde histórico para o mês. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a média diária das compras internacionais no mês foi 41,3% superior à registrada no mesmo período do ano passado.
"Houve aumento nas importações em todos os itens, mas as compras de bens de capital continuam fortes, com crescimento impressionante de 50,5% no mês", avaliou o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral. Os produtos dessa categoria com maior crescimento nas compras em setembro foram os de maquinaria industrial (89,8%) e equipamentos de transporte (51,3%), como veículos de carga, tratores e veículos rodoviários. "O nível de investimento estrangeiro direto no Brasil está alto e impulsiona importações de bens de capital", completou Barral.
Além disso, segundo Barral, a composição dos estoques de Natal geralmente se concentra nos meses de agosto e setembro, impulsionando as importações nesse período. No mês, as compras de vestuário, por exemplo, aumentaram 67%. O resultado também se reflete no aumento de 73% nas compras de mercadorias chinesas em setembro, na comparação com o mesmo mês de 2009, principalmente de eletroeletrônicos, mas também de aço e máquinas e equipamentos.
O real valorizado também estimula as compras no exterior. As importações de automóveis, por exemplo, foram 47,2% superiores às compras de setembro de 2009, principalmente com aumento na aquisição de veículos da Argentina, México, Alemanha e Coreia do Sul. A conta ainda é inflada pelo aumento do consumo de insumos importados na indústria nacional, que representam quase metade dos desembarques no País. "A indústria brasileira começa a trocar insumos nacionais por importados para continuar competitiva. Esse é o maior impacto do câmbio", disse Barral.
A questão cambial, revelou o secretário, tem gerado constantes reclamações no setor produtivo, que sofre em diversas escalas de impacto. Isso porque, além da concorrência com importados no mercado doméstico, os empresários brasileiros têm cada vez mais dificuldade em concorrer com produtos chineses e coreanos em terceiros mercados, como os países da América Latina. "Existem países que controlam artificialmente o câmbio, competindo com exportações brasileiras, tanto que o ministro Guido Mantega (Fazenda) tem falado em guerra cambial", disse o secretário. "A manipulação do câmbio como ocorre hoje distorce vantagens comparativas no comércio internacional", completou, adiantando que o governo brasileiro levará a questão à próxima reunião do G-20, que será realizada no fim de outubro, na Coreia do Sul.
Exportações
Sobre as exportações, que somaram US$ 18,833 bilhões em setembro o secretário destacou o aumento de 61,9% nas vendas de básicos na comparação com o mesmo mês do ano passado, efeito ampliado pelo aumento de preços de matérias-primas (commodities) da pauta brasileira, como minério de ferro, café em grão, milho e açúcar.
O resultado refletiu em um crescimento no mês de 74,2% nas exportações para a China, grande compradora de produtos básicos. "Ou seja, vendemos minério de ferro e importamos aço dos chineses", comentou Barral. Outro destaque em setembro foi o aumento de 60,5% nas vendas para a Argentina. "Aumentamos muito os embarques para alguns mercados tradicionais, como Argentina e América Latina, houve elevação de preços de commodities para o mercado chinês e estamos lentamente retomando mercado para os Estados Unidos e a Europa", concluiu.
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