Além de financiamento, juros mais baixos e prazos mais longos para a aquisição da casa própria, as construtoras e imobiliárias vão lançar mão de estratégia mais comum no mercado de automóveis para tentar intensificar as vendas e aumentar os índices relativos ao primeiro semestre deste ano. A Construtora MRV e a Imobiliária Lopes promovem, neste mês, feirões para vender imóveis, com a promessa de condições especiais e brindes para quem fechar o negócio durante os eventos.
A imobiliária Lopes vai reunir 11 construtoras e incorporadoras no Fim de Semana do Imóvel. A operação, que custou cerca de R$ 500 mil para a empresa em investimentos de mídia e estrutura física, vai reunir 600 corretores oferecendo imóveis com descontos de até 30% no valor total. "A nossa motivação está alinhada à dos incorporadores, que, geralmente, no fechamento de semestre, são mais agressivos nas suas políticas comerciais, a fim de impulsionar resultados", comenta o diretor de atendimento da Lopes, Luiz Augusto Brenner Rose. "Serão abatimentos bem significativos", promete.
A MRV promove, dos dias 15 a 30 deste mês, o Feirão Zera Estoque, envolvendo 1,7 mil unidades da empresa, entre imóveis prontos, em fase de construção e na planta. A intenção é fazer uma "continuação" do feirão de imóveis da Caixa Econômica Federal, realizado no mês de maio em Curitiba, e manter as vendas aquecidas. "Em maio, as vendas mensais, que variam entre 160 e 170 unidades foram para 210, graças ao feirão", esclarece Marcelo Alves, gerente regional de vendas da MRV no Sul.
A empresa já realizou outras iniciativas semelhantes em Curitiba, mas pela primeira vez vai fazer um feirão tão longo. Alves assegura que vai oferecer um grande pacote de atrativos. "Vamos facilitar, proporcionar o parcelamento da entrada em até 36 meses para quem não tem como dar entrada. Em outros casos o valor da entrada é baixo, por volta de R$ 500. Quem negociar durante o feirão as unidades que já estão prontas para morar vai ganhar os móveis da cozinha", enumera Alves. A empresa vai oferecer imóveis em Curitiba, São José dos Pinhais e Araucária.
Iniciativa
Para o economista Fabio Tadeu Araújo, da consultoria Brain Bureau de Inteligência Corporativa, os feirões de imóveis têm as mesmas características dos feirões de automóveis e são feitos com a mesma intenção. "Sempre tem algumas unidades que empacam ou porque estão nos fundos, ou porque a orientação solar não é boa. Então é mais vantajoso para a empresa vender essas unidades do que pagar encargos em unidades que estão prestes a ser entregues", comenta.
Ele diz que o movimento é natural. "Não dá para dizer que é um estoque de imóveis ou que as vendas estão paradas. Mas, enquanto há empreendimentos que vendem em um final de semana, outros não têm a mesma velocidade de vendas, então as empresas possuem um acúmulo. Mesmo durante o boom houve empreendimentos mais bem sucedidos que outros", explica.
De acordo com ele, esse tipo de evento deve ser feito apenas por grandes empresas. "A MRV e a Lopes são corporações com alcance nacional. Elas têm um estoque disponível e para diferentes perfis para chegar a fazer um feirão. Mas outras empresas, menores, não conseguiriam, porque tem cinco ou sete opções", afirma.