Lamborghini Murciélago: oferta de veículos que custam mais de R$ 1 milhão nunca foi tão alta| Foto: BryanMitchel/AFP

Carrinhos como o chinês QQ, por R$ 21,9 mil, carrões como Porsche 911 Turbo, na faixa de R$ 800 mil e supermáquinas como o Lamborghini Murciélago, por R$ 2,7 milhões estão entre os novos modelos de importados que chegam este ano ao país. O mercado prevê venda recorde de 530 mil veículos estrangeiros, 41 mil a mais que em 2009. Os importados devem responder por 15% das vendas totais de 3,4 milhões de veículos projetadas para 2010.

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Economia em crescimento, câmbio favorável e disponibilidade de crédito têm atraído ao mercado brasileiro inúmeras marcas que não têm fábricas locais, algumas delas com dificuldade em desovar produtos em seus países de origem que seguem em crise.

A oferta de veículos com preços acima de R$ 1 milhão nunca foi tão farta. No ano passado, só de modelos Ferrari, com preços entre R$ 1,38 milhão e R$ 1,9 milhão, foram vendidas 38 unidades, das quais 23 pela representante oficial da marca, a Via Italia, e as demais por importadores independentes.

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A presença dos superesportivos de preços exorbitantes aumenta este ano com o início das operações no país de representantes das marcas Spyker (holandesa), Aston Martin (inglesa), Bentley (inglesa) e Bugatti (francesa), que vão juntar-se às recém-chegadas em 2009 Lamborghini e Pagani, e Ferrari e Maserati, no País há mais tempo, todas de origem italiana.

Entre as novidades, está o Bugatti Veyron, avaliado em R$ 7,5 milhões. Só com o valor do IPVA do esportivo (R$ 300 mil) dá para comprar 13 modelos Fiat Mille, carro mais barato produzido no país. "Já recebemos manifestações de interessados", informa Joseph Tutundjia, um dos sócios da British Cars, grupo que inaugura em março loja oficial da Bentley e da Bugatti em São Paulo.

Balança comercial

A tendência de crescimento das importações de carros pode ser verificada no resultado da balança comercial nas duas primeiras semanas de janeiro. A entrada de veículos e partes apresentou o maior porcentual de crescimento entre itens importados, de 85,9%. O desempenho contribuiu para o déficit de US$ 967 milhões na balança comercial no período.

"O Brasil tornou-se mercado atraente e todo mundo está vindo para cá, mesmo com as barreiras impostas pelo País", avalia o consultor Marcelo Cioffi, da PriceWaterhouseCoopers. Uma delas é o Imposto de Importação de 35% para carros de fora do Mercosul e do México.

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Segundo a Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos (Abeiva), somando demais impostos sobre as importações, o carro é taxado em 138%, sem a margem de lucro. Um modelo de US$ 100 mil chega por US$ 238,4 mil.

Montadoras que têm no popular a maior fatia de vendas também importam modelos mais caros, como o Chevrolet Omega (R$ 120 mil) e o Volkswagen Touareg (R$ 247,7 mil). A maior parte das importações vem da Argentina e do México, que responderam por 58,1% e 11,2% das importações do ano passado. Pela primeira vez, a Coreia foi a segunda maior fornecedora, com fatia de 19,6%. Com alta escala de produção, moeda desvalorizada e subsídio governamental, as coreanas ganham espaço no mundo todo.

Cioffi explica que carros de nicho são fabricados em um único local por causa da escala de custos. Ele não acredita que a onda de importações seja passageira, só para aproveitar o câmbio favorável. As empresas investem em lojas, assistência técnica e marketing direcionado.

"O efeito câmbio é importante, mas não decisivo", confirma Marcel Visconde, diretor da Stuttgart, que representa a Porsche. Com 553 unidades em 2009, a empresa se tornou a maior importadora Porsche na América Latina. Leandro Rodomile, diretor da Audi, lembra que, antes, modelos de luxo lançados lá fora demoravam um ano para chegar ao Brasil. Agora chegam em poucos meses.

A Audi vendeu 2.027 carros, 42% a mais que em 2008. Em 2010, quer crescer 25%. Outro sucesso entre os importados foram os compactos Mini, Cinquecento, Smart e Beetle, com 5.465 unidades vendidas. Neste ano, o time ganha reforço do Citroën DS3.

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