Antes vistas como artigos de luxo, acessíveis só em um futuro distante, as impressoras 3D começam a ganhar as casas de consumidores e escritórios de empresas, na esteira do barateamento dos aparelhos. A popularização da tecnologia, que permite a fabricação de peças e objetos para usos diversos em poucos minutos, utilizando materiais como o plástico, tem fomentado novos serviços pela internet, com designers e empresários produzindo produtos sob encomenda.
Estudo do Instituto McKinsey afirma que o preço de uma impressora 3D doméstica baixou 90% nos últimos quatro anos hoje, já é possível encontrar aparelhos no Brasil a partir de R$ 4 mil. Segundo estudo global feito pela Tech Pro Research no ano passado, 60% das mais de 600 empresas consultadas utilizam a tecnologia em seus negócios. A estimativa da consultoria é que a impressão 3D movimente US$ 16 bilhões já em 2018.
Levantamentos e pesquisas com previsões semelhantes levam em conta não somente os benefícios para a indústria, que passa a cortar gastos com a agilidade na produção de protótipos e componentes de baixo custo, mas também para startups e pequenos empresários de e-commerce. Marketplaces virtuais, como Shapeways e Pinshape (leia mais nesta página) permitem que qualquer pessoa venda um objeto produzido por meio de uma impressora 3D, mesmo que não tenha acesso ao aparelho. Basta enviar um arquivo com o projeto e o próprio site se responsabiliza por divulgar o produto, imprimi-lo e encaminhá-lo para a casa do comprador.
"A grande oportunidade de negócio em pequena escala é a produção sob medida, quando alguém precisa de uma pequena quantidade de objetos personalizados. Neste sentido, a impressão 3D se torna uma ferramenta importante, reduzindo os custos com estoque e diminuindo o tempo entre o pedido e a entrega", afirma o membro do IEEE e especialista em ciência e tecnologia da Universidade George Washington (EUA) David Alan Grier.
Impressora paranaense
O otimismo com a adoção desta tecnologia em larga escala motivou a empresa paranaense Microbras, que até então trabalhava na produção de componentes para ônibus, a criar e lançar no mercado sua própria impressora 3D, no início do ano passado. Desde então, a empresa, com sede em Marechal Cândido Rondon, vendeu cerca de 200 máquinas, que custam entre R$ 4 mil e R$ 5 mil.
As vendas, acima das expectativas, fizeram com que a empresa revisse seu ramo de atuação e passasse a focar na impressão 3D. "Não se pode falar quais são as aplicações do produto. Quem o adquire é que vai usar sua criatividade para o que quiser. A impressão 3D cria um novo mercado, novas necessidades, por meio de condições de fabricação que antes não existiam", reforça o diretor técnico da Microbras, Maureu Benvenho.
Negócio
Curitibano imprime em casa objetos e peças por encomenda
O empresário curitibano Thomas Schmider comprou sua primeira impressora 3D durante uma viagem aos Estados Unidos há cerca de três anos. A intenção era conhecer a tecnologia e se envolver em um novo hobby. O investimento rendeu mais do que imaginava. Muitas impressões depois, Schmider largou o emprego na área de engenharia e montou seu próprio negócio, em casa, onde mantém três equipamentos da marca norte-americana MakerBot, uma das mais conhecidas do setor.
Desde julho do ano passado, ele dedica 100% do tempo à Copy3D, empresa que criou para fazer impressões em 3D personalizadas. As encomendas podem ser feitas diretamente pelo site www.copy3d.com.br - e são remetidas para endereços de todo o país. Os clientes, relata Schmider, são variados: vão desde grandes empresas do setor automotivo, como a Renault, até arquitetos, profissionais de design e estudantes universitários das mais variadas carreiras, que recorrem à tecnologia para incrementar o trabalho de conclusão do curso.O empresário investiu cerca de R$ 10 mil em cada impressora. O valor cobrado pelo serviço, por sua vez, varia conforme o tempo de impressão na máquina, a quantidade de material usado os filamentos, que são a "tinta" dos aparelhos, são vendidos no mercado por quilo e a necessidade de retoques manuais no material já pronto. Schmider conta que já chegou a imprimir pequenas peças por R$ 10 cada, enquanto uma encomenda de um único cliente lhe rendeu R$ 9 mil praticamente pagando sozinha o valor da impressora.
Matéria-prima
A sua próxima empreitada será também na área de impressão 3D. Já prevendo uma maior popularização dos aparelhos dentro das casas e empresas, Schmider se prepara para lançar no segundo semestre uma importadora de filamentos. "Essa é uma tecnologia cada vez mais acessível, já há impressoras para uso doméstico por R$ 2 mil. Assim, pode ser que o meu atual serviço, de impressão, acabe morrendo. Mas aí, enquanto uma empresa cai, a outra [que fornecerá a matéria-prima], vai subir", afirma.