O número de consumidores inadimplentes caiu 11,28% em maio em relação a abril, segundo dados divulgados nesta terça-feira (16) pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil. O levantamento é feito com base no número de registros feito no SPC. Segundo o presidente da CNDL, Roque Pelizzaro Júnior, a queda se deu principalmente pela recuperação do emprego e pela melhora na massa salarial real (descontada a inflação), o que possibilitou o pagamento das contas em dia pelos consumidores.
O resultado no acumulado do ano, no entanto, ainda é ruim. De janeiro a maio de 2009, a inadimplência registrou um aumento de 11,45% em relação ao mesmo período de 2008. As principais causas são: a crise econômica e a consequente redução na oferta de crédito. Pelizzaro explicou que esses números refletem muito o último trimestre do ano passado, quando a crise foi mais intensa e quando foi registrado o maior índice de desemprego no País.
A CNDL promete retomar a divulgação mensal do levantamento da inadimplência, que foi interrompida há um ano e meio. Apesar de não dispor de dados anteriores consolidados para a comparação, Pelizzaro disse que esse aumento de 11,45% na inadimplência no acumulado do ano é recorde. "É um aumento extremamente alto e qualquer variação acima de 5% mostra que há algo errado", disse.
Os números de maio, no entanto, já mostram uma inversão de tendência. "A situação atual não é mais de aumento e se deve à melhora do índice de emprego", disse Pelizzaro. Na comparação com maio de 2008, no entanto, ainda foi verificado um aumento de 1,11% na inadimplência.
A CNDL, segundo Pelizzaro, tem em seu banco de dados 800 mil pontos de venda em todo o País, entre eles grandes empresas, bancos e também o pequeno varejo. Atualmente, o cadastro de consumidores utilizado para o levantamento conta com 150 milhões de CPFs cadastrados
O maior número de registros no SPC por falta de pagamento, 56 87%, é de mulheres, e 43,13% de homens. Os maiores devedores, 27 27%, estão na faixa de 30 a 39 anos. Já o índice é menor, de 5 8%, entre as pessoas acima de 65 anos. O maior índice de inadimplência está nas dívidas até R$ 250, com 74,40% do número total. A CNDL explica que a concentração em valores baixos deve-se ao parcelamento das compras: quanto maior o número de parcelas, menor seu valor individual
Segundo Pelizzaro, a inadimplência é maior nas compras de bens duráveis, como eletrodomésticos e móveis, nas quais o prazo de pagamento é mais extenso.Consultas ao SPC
O número de consultas ao SPC para compras a prazo e pagamentos em cheque apresentou um crescimento de 11,46% em maio em relação a abril, segundo dados divulgados pela CNDL e pelo SPC Brasil.
Segundo o presidente da CNDL, essa elevação deve-se, principalmente, ao aquecimento do consumo, por conta da comemoração do Dia das Mães, no mês passado, data que é considerada a segunda melhor de vendas para o comércio.
Na comparação com maio de 2008, o número de consultas cresceu 4 57% e, no acumulado de 2009 até maio, houve um aumento de 7,25%. Essa elevação, segundo a CNDL, é consequência da queda na taxa básica de juros, a Selic, e da melhora no poder de compra dos consumidores.
Pelizzaro citou especificamente a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os produtos da chamada linha branca, como geladeiras e máquinas de lavar, e a melhora da expectativa do consumidor em relação à crise. "O varejo brasileiro está carregando a economia nas costas", disse.Cancelamentos
No mês de maio, ainda segundo levantamento da CNDL, houve uma queda de 13,18% no volume de cancelamentos de registros no SPC Brasil, na comparação com abril, o que representa a regularização dos débitos em atraso. Na comparação com maio de 2008, no entanto, houve um aumento de 22,02% nos cancelamentos de registros e, no acumulado de 2009, de janeiro a maio, o volume de cancelamentos subiu 10,97% se comparado ao mesmo período do ano passado.
Esse resultado positivo deve-se, segundo a CNDL, também ao maior nível de confiança dos consumidores na recuperação da economia aliado ao aumento real do salário mínimo. Para continuar nessa tendência positiva, é importante, na opinião de Pelizzaro, que seja mantida a "empregabilidade e o nível de emprego e renda".