Brasília - Dados do Banco Central (BC) mostram que, em termos de crédito, o mercado brasileiro está dividido em dois: a concessão de empréstimos para as empresas têm se contraído de março para cá, enquanto os financiamentos para pessoas físicas aumentaram no período. Já a inadimplência subiu e bateu no maior índice desde outubro de 2000.
De um lado, caiu em 0,5% o volume de crédito para as empresas, que passou de R$ 388,1 bilhões, em março, para R$ 386,3 bilhões em abril, uma retração de R$ 1,8 bilhão. A tendência se acentuou em maio, com queda de 0,8% até o dia 14. Os valores se referem aos recursos que os bancos podem aplicar livremente, sem considerar empréstimos cujo direcionamento é regulado por lei.
As empresas amargam também em abril um aumento de 0,3 ponto porcentual no spread (diferença entre o custo de captação do banco e a taxa de juros cobrada dos clientes). No dado parcial deste mês, a alta continua: 0,2 ponto porcentual.
Por outro lado, o crédito à pessoa física dá mostras de vigor: o volume de empréstimos subiu R$ 5,2 bilhões sobre março, passando de R$ 281,5 bilhões para R$ 286,7 bilhões. Na primeira metade de maio, o crescimento continuou, chegando a 1,5%.
O movimento de abril foi puxado pelo crédito consignado tomado pelos funcionários públicos, que cresceu R$ 2,7 bilhões. Para as famílias, a taxa de juros caiu 1,3 ponto, atingindo 48,8% ao ano. O spread também caiu 1,3 ponto porcentual, atingindo 38,5%. A queda no custo do crédito é explicada em boa parte pelo crescimento do crédito consignado, que cobra taxas de juros mais baratas.
Graças à queda do custo dos empréstimos às pessoas físicas, o juro médio dos empréstimos ao total da economia atingiu 38,6% em abril, o menor nível desde junho de 2008. Pelo dado parcial de maio, a taxa média recuou ainda mais, para 38,3%.
Pé no freio
A dificuldade das empresas em honrar seus empréstimos explica por que o custo do crédito está em trajetória de alta para elas, enquanto para as pessoas físicas a tendência é de queda. Em abril, a quantidade total de operações com atraso superior a 90 dias atingiu 5,2%, o nível mais elevado desde outubro de 2000. O aumento foi liderado pelas operações voltadas às empresas, cujo indicador passou de 2,6% em março para 2,9% em abril. Já a inadimplência entre as pessoas físicas caiu de 8,4% para 8,2% no mesmo período.