A inadimplência do consumidor brasileiro no comércio apresentou crescimento de 11,8% em janeiro deste ano em relação a igual mês de 2012, segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), com base no volume de consultas feitas pelos comerciantes nas compras a prazo e nos pagamentos em cheque.
Na avaliação da CNDL e do SPC Brasil, o resultado ainda é consequência do cenário macroeconômico de 2012, mais favorável ao consumo. Além disso, influenciam o movimento, de acordo com técnicos da CNDL e do SPC Brasil, a política fiscal expansionista do governo, o afrouxamento monetário e a falta de planejamento ao consumidor. O avanço da inadimplência preocupa o comércio diante de um cenário que sinaliza maior pressão inflacionária, na avaliação do presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior.
Na comparação com o mês de dezembro, porém, a inadimplência recuou 3,27% em janeiro. A CNDL e o SPC Brasil ressaltaram que muitos consumidores quitaram seus débitos em dezembro aproveitando a entrada do 13º terceiro salário.
Inadimplência deve ser menor em 2013, aponta SPC
A economista do SPC Brasil, Ana Paula Bastos, prevê que a inadimplência deve ser menor em 2013 do que a alta de 1,9% verificada em 2012. "A inadimplência deve ser de 1,9% ou menos. Só se acontecer uma pressão inflacionária ou aumento da taxa de juros é que vamos ver outro cenário", considerou, durante entrevista coletiva. De acordo com ela, a tendência é de continuidade de alta do calote até abril. Apenas a partir de maio é que deve haver uma acomodação.
Ana Paula disse que também espera continuidade do crescimento do emprego, ainda que em um ritmo menor, e que isso vai ajudar nas vendas do varejo. "O ano de 2012 foi muito forte para o setor, com uma injeção muito forte de recursos na economia", salientou, considerando as desonerações concedidas pelo governo a vários setores.
Para este ano, a economista espera um aumento dos investimentos, o que pode gerar mais emprego, aumento da renda e da capacidade produtiva. O ponto chave, no entanto, é a expansão do crédito. "Não existe economia sem crédito, essa é a mola propulsora", considerou. Para ela, o aumento da inflação no início do ano foi "pontual e sazonal", centrado principalmente em Despesas Pessoais e Alimentação.