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Nunca a população brasileira teve tanta restrição ao crédito quanto em julho. Dados da Serasa Experian mostram que o número de consumidores inadimplentes chegou a 67,6 milhões, ou 41,8% da população adulta, os maiores números da série histórica iniciada em 2016. Em três estados pelo menos metade dos habitantes está nessa condição – Rio de Janeiro (50%), Amapá (50,6%) e Amazonas (51,6%).
Outras duas unidades da federação estão próximas dessa marca: Distrito Federal (49,1% da população adulta inadimplente) e Mato Grosso (48,4%). As menores taxas estão em alguns estados do Sul e do Nordeste: Piauí (34,4%), Santa Catarina (35,3%), Rio Grande do Sul (36,6%), Alagoas (37,9%) e Bahia (38,8%).
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Dois fatores contribuem para o crescimento da inadimplência no Brasil: a inflação anual, que está acima de 10% ao ano desde outubro de 2021 e só recentemente começou a ceder, e a alta na taxa básica de juros (Selic), que começou em março do ano passado. Nesse intervalo, ela passou de 2% para 13,75% ao ano, encarecendo os custos de grande parte dos empréstimos. “Isto torna mais complicadas as renegociações”, diz Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.
O maior volume de dívidas pendentes é de origem não financeira, como contas mensais (energia, água, gás), telefonia, varejo, serviços e securitizadoras. Elas respondem por 57,7% do total. Mas as dívidas financeiras vêm ganhando importância com a alta nos juros. Em julho, elas representavam 42,3% do total, o percentual mais elevado desde o início dessa série, em 2018.
Os mais endividados são os brasilienses. Em média, eles devem R$ 6.484,48 e tem 4,93 dívidas pendentes. Já os menos comprometidos são os maranhenses. São, em média, 2,77 pendências e R$ 2.780,37 em dívidas.
Inadimplência dos consumidores por unidade da federação (julho de 2022)
Situação das empresas também se complica
Assim como os consumidores, a inadimplência também está crescendo entre as empresas, aponta a Serasa Experian. Em junho, eram 6,2 milhões de empresas com problemas, o maior número desde março de 2020. As dívidas negativadas chegam a R$ 101,9 bilhões.
As inadimplentes são, na maioria, micro e pequenas empresas que têm em média R$ 14,9 mil em dívidas não quitadas.
O setor mais negativado é o de serviços, responsável por 52,9% do total. Essa participação vem crescendo desde outubro. E a principal origem das dívidas é não financeira (78,1%) do total. Mas, assim como ocorre com as pessoas físicas, a importância das pendências financeiras vem crescendo. Elas já representam 21,9% do total, mesmo nível de novembro de 2019.
As empresas com o maior valor de dívida negativada são as brasilienses (R$ 22,3 mil e 8,1 pendências), seguidas das do Acre (R$ 20,9 mil e 7,1 pendências) e das gaúchas (R$ 20,8 mil e 9,5 pendências).
Inadimplência das empresas, por unidade da federação (julho de 2022)