Diante de incertezas criadas pelas eleições no Brasil e pelo cenário internacional, investidores tentam proteger seu patrimônio comprando títulos com taxas de juro pós-fixadas, as chamadas Letras Financeiras do Tesouro Nacional (LFT). O governo que normalmente limita a oferta desses papéis, dobrou as vendas entre agosto e setembro, de R$ 6,3 bilhões para R$ 12,6 bilhões.

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A estratégia do Tesouro Nacional, neste momento, é oferecer segurança e garantir rentabilidade ao investidor. Como a LFT é indexada aos juros básicos da economia, a taxa Selic, se houver uma elevação nessa taxa, ganha quem estiver com esses papéis. Em contraponto, os donos de títulos com juros pré-fixados, a exemplo da LTN, podem ter perdas no curto prazo.

Os investidores estão preocupados com a sucessão presidencial e com incertezas relacionadas à atuação do Banco Central no próximo governo.

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A mudança da política monetária nos Estados Unidos, com possibilidade de aumento dos juros por lá, além da retirada gradual de estímulos à economia, intensifica as incertezas.

"Setembro foi marcado por volatilidade um pouco maior na taxa de retorno dos títulos", disse o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido.

Com esse cenário, os agentes do mercado evitam títulos classificados como prefixados, ou seja, cuja rentabilidade é definida no momento da compra. O Tesouro se viu, assim, obrigado a incentivar a aquisição de LFTs por meio de deságio. Na prática significa que o governo está pagando um adicional além do valor de face do papel.

No mercado, os operadores trabalham com a hipótese de aperto monetário no início de 2015, seja quem for o novo presidente. "Em um ambiente de forte variação cambial, e com possibilidade de inflação alta mais na frente, além de aumento de juros (Selic), é mais seguro ter um título pós-fixado, no caso a LFT", avalia Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.

Para Eduardo Velho, economista-chefe da Invx Global Partners, o mercado e o Tesouro perceberam que o momento é de volatilidade. "As eleições estão casadas com esse movimento de incerteza porque ninguém sabe como vai ser a política monetária, se vai ter aumento de juros", afirma.

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Emissões

A dívida pública, em meio a esse quadro, recuou 0,17% em agosto na comparação com julho e somou R$ 2,16 trilhões. Os dados foram divulgados ontem pelo Tesouro. As vendas de títulos somaram R$ 52,2 bilhões no mês passado. O coordenado da dívida, Fernando Garrido, classificou como "um volume bom de emissão". Os resgates, por outro lado, totalizaram R$ 71,1 bilhões, o que resultou num saldo líquido de R$ 18,8 bilhões em agosto.

Até o fim do ano, segundo o Tesouro Nacional, o estoque da dívida terá de subir em relação ao nível atual para entrar na banda estabelecida pelo Plano Anual de Financiamento (PAF) de R$ 2,17 trilhões a R$ 2,32 trilhões. "A expectativa é que todos os indicadores do PAF sejam cumpridos até dezembro", disse Garrido.

O governo tem uma meta a ser cumprida, até o fim do ano, também em relação à composição da dívida. A parcela de títulos atrelados à Selic na dívida foi a única categoria que ficou fora das bandas do PAF em agosto, com participação de 20,2% . O objetivo do governo é encerrar o ano com uma participação entre 14% e 19%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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