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Incertezas fazem indústria mirar o curto prazo

Com dúvidas sobre crise, indústria abriu mão do planejamento de longo prazo | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Com dúvidas sobre crise, indústria abriu mão do planejamento de longo prazo (Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)

A indústria abriu mão do planejamento de médio e longo prazos para focar suas ações no curto prazo no que diz respeito a investimento, aumento da produção e contratação de pessoal. É o que mostra a Son­­dagem Industrial de no­­vem­­bro, realizada pela Funda­­ção Getulio Vargas (FGV). Para o coordenador da sondagem, Aloí­sio Campelo, essa decisão da in­­dústria foi tomada com base no ce­­nário de incertezas provocado pela crise internacional.

O setor industrial, de acordo com Campelo, está montando suas estratégias como alguém que passa por um terreno encharcado e que procura um local mais firme para dar o próximo passo.

O Índice de Confiança da In­­dústria (ICI) mostrou estabilidade em novembro, depois de ter registrado queda de 0,4% em ou­­tubro, e interrompeu uma se­­quência de dez meses de recuo do indicador. O Índice de Expec­tativas (IE), por sua vez, avançou 1,5% em novembro, depois de ter ficado positivo em 0,28% em outubro.

O coordenador da sondagem, no entanto, afirmou que a pequena melhora observada em novembro não pode ser considerada um ponto de inflexão que vai estimular significativamente investimentos e contratação de pessoal. Para Campelo, trata-se de uma melhora centrada no curto prazo, em razão de indicadores positivos pontuais.

Nesse aspecto, destaca-se a pequena redução dos estoques, de 9,6% em outubro para 8,4% em novembro do total de 1.219 empresários pesquisados entre os dias 3 e 29 de novembro. Tam­­bém apresentou melhora o nível de otimismo em relação à de­­manda externa, com 14,2% dos entrevistados entendendo que a procura por produtos brasileiros está mais forte do que em outubro, quando 8,8% tinham essa visão. Para Cam­pelo, essa percepção em relação à demanda externa pode estar associada às divulgações de índices de vendas me­­lho­­res nos Estados Unidos.

O Índice de Confiança da Indústria relacionado ao emprego no período dos próximos três meses cresceu 0,8%. A produção prevista, também no horizonte de três meses, subiu 0,3% Mas a tendência de negócios para os próximos seis meses caiu 0,3%. "Isso mostra que a melhora no curto prazo não será suficiente para incentivar investimentos ou contratações consistentes de pessoal", reforçou Campelo.

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