O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que o projeto de independência da instituição deve ser votado "em algumas semanas". A informação foi dada durante um evento na Cidade do México em comemoração dos 25 anos da autonomia do Banco Central mexicano e que tinha, como tema principal, a independência das instituições financeiras.
Durante seu discurso, Campos Neto disse que o Brasil está muito perto de alcançar a independência jurídica do BC e que os mandatos dos presidentes não vão coincidir com o do presidente da República.
Campos Neto começou sua apresentação no evento no México contando a história da criação do Banco Central do Brasil, por seu avô, o economista Roberto Campos, em 1964. Ele contou uma história dizendo que Roberto Campos foi conversar com o então presidente do Brasil, Humberto Castelo Branco, sobre a criação do BC brasileiro e ouviu do dirigente: "É importante um BC para ser o guardião do dinheiro", no que Campos respondeu: "Eu sou o guardião do dinheiro".
Depois, citando as evidências de estudos econômicos em países emergentes, Campos Neto acrescentou que um BC independente produz inflação baixa e estável. "Quando o mercado tem a sensação de que o BC tem credibilidade a curva de juros fica menos inclinada. Quando há percepção de que o BC está perdendo essa credibilidade, os prêmios de risco sobem e a curva empina. Só se consegue flexibilizar política monetária de forma sustentável se houver credibilidade do BC, ressaltou Campos Neto.
Nesse sentido, Campos Neto disse que a autonomia do BC incentiva o investimento privado. "Implementar a autonomia vai fortalecer esse processo."
Tecnologia vai mudar o sistema financeiro
No fim do seu discurso, o presidente do BC, que foi apresentado no evento como um entusiasta das mudanças tecnológicas, falou sobre as transformações que a tecnologia está implementando no sistema financeiro no mundo.
"Estamos muito perto de importantes transformações na intermediação financeira", disse ele, observando que a tecnologia pode provocar mudanças disruptivas no setor financeiro.
Campos Neto completou que os governos não são tão rápidos quanto os avanços na tecnologia e, quanto mais independente o BC for, com mais velocidade vai conseguir acompanhar as mudanças tecnológicas.
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