Direção do BB e do BNDES deve trocar de mãos
Agência O Globo
No segundo mandato da presidente Dilma Rousseff também devem ocorrer mudanças na direção de pelo menos dois dos três bancos públicos. No Banco do Brasil, o desgaste recente do presidente Aldemir Bendine deve lhe custar o cargo. No páreo para chefiar o BB estão o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli, e o atual vice-presidente de Negócios de Varejo, Alexandre Abreu.
Bendine foi o pivô de denúncias recentes, como o financiamento concedido pela instituição à socialite Val Marchiori e o relato de um ex-motorista ao Ministério Público Federal em que confessou que fez diversos pagamentos em dinheiro vivo a mando do chefe.
Candidatos
Caffarelli fez carreira no BB. É considerado um habilidoso articulador político e ganhou visibilidade ao integrar a equipe econômica. Em fevereiro deste ano, ele abandonou uma das vice-presidências do BB para ocupar o lugar do ex-número dois da Fazenda Nelson Barbosa, que havia deixado o cargo após desavenças com o ministro Guido Mantega.
Já Abreu cresceu politicamente dentro do governo no início de 2012, quando a presidente Dilma usou a instituição para orquestrar uma queda generalizada das taxas de juros no país. Foi ele quem desenhou pessoalmente o programa Bom pra Todos e ganhou trânsito no Palácio do Planalto. Aproveitou ainda para fincar o pé em outros fóruns, como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e ficar conhecido como o interlocutor do governo em discussões importantes.
Prestigiado
Na Caixa Econômica Federal, o petista baiano Jorge Hereda deve permanecer na presidência, cargo que ocupa desde 2011. Eventuais mudanças para acomodar aliados políticos deverão ficar restritas às vice-presidências do banco. Segundo um interlocutor do Planalto, Dilma gosta do trabalho de Hereda, que é também muito ligado ao governador da Bahia, Jaques Wagner. A avaliação é que ele não dá problemas ao governo e tem executado os programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida, que será relançado no próximo ano, seguindo à risca as ordens da presidente.
O BNDES, por sua vez, deve mudar de comando, segundo uma fonte próxima a Dilma. As relações entre ela e o atual presidente do banco, Luciano Coutinho, estão estremecidas há algum tempo.
Faz tempo
O último ministro da Fazenda ligado ao setor privado foi Dilson Funaro. Dono da fábrica de brinquedos Trol, ele comandou a pasta entre 1985 e 1987, no governo Sarney. Desde a redemocratização, a pasta tem sido conduzida principalmente por acadêmicos e políticos. Embora fosse visto como alguém ligado aos bancos, Pedro Malan (1995-2003) era servidor público.
Nomear para o Ministério da Fazenda um representante do setor financeiro seria uma tacada certeira para acalmar o mercado e restabelecer rapidamente a confiança de investidores e empresários. Mas não é imprescindível que o novo ministro venha de um banco algo que, aliás, nunca ocorreu desde a redemocratização.
Veja quem são os candidatos que lideram as apostas para assumir o Ministério da Fazenda
A questão é que um nome do setor empresarial não financeiro ou da academia talvez demore mais para ser "absorvido" e tenha de fazer um esforço maior para conquistar os chamados "agentes econômicos". A avaliação é de economistas consultados pela Gazeta do Povo.
Na hipótese de que a presidente Dilma Rousseff queira mesmo alterar o rumo da política econômica, é consenso que o novo ministro precisa de autonomia, o que poucos viam em Guido Mantega. Por isso, quanto mais alinhado a presidente for o escolhido, mais difícil será resgatar a credibilidade.
"O perfil do novo ministro faz diferença porque o governo perdeu credibilidade", diz Antônio Carlos Alves dos Santos, professor de Economia da PUC-SP. Segundo ele, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, um dos cotados para assumir o cargo, reúne as qualidades ideais. "Chamar alguém da indústria seria interessante, mas pode despertar a desconfiança do mercado, por passar a impressão de que a política econômica continuará a mesma, de subsídios e proteção à indústria."
Compromisso
Para o economista Otto Nogami, professor do Insper, o ministro ideal combinaria passagem pelo setor financeiro com um robusto arcabouço acadêmico algo que ele vê em Armínio Fraga, "nomeado" por Aécio Neves na campanha eleitoral. Na falta de candidatos com essa combinação, o economista vê como boas opções o presidente do Bradesco e também Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central. "Eles são gestores, com capacidade para equilibrar a economia, e uma eventual insuficiência acadêmica pode ser complementada por uma assessoria forte, como Meirelles tinha no BC."
O consultor Roberto Troster, que foi economista-chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), defende que mais importante que o nome do futuro ministro é o compromisso com uma mudança de direção na política econômica. "Um bom nome ajuda, mas não é fundamental. Pode ser um acadêmico, um executivo, um político, desde que esteja disposto a fazer o que é preciso. O Antonio Palocci [ministro da Fazenda de 2003 a 2006], médico e político, fez o que tinha de ser feito", lembra.
Bom trânsito
O presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, Manuel Enriquez Garcia, acredita que não se pode abrir mão de um "nome forte", com bom trânsito em instituições internacionais e no setor privado. "A figura de quem assume o cargo ganha importância em momentos críticos como o atual. Chamar um político, um ex-ministro, não vai restaurar a confiança", avalia.
Entre os concorrentes que correm por fora está Otaviano Canuto, consultor sênior do Banco Mundial. A favor dele conta o fato de aliar credibilidade no mercado e sensibilidade a temas caros ao governo, como as políticas sociais. "É um meio termo", diz um economista que pediu para não ser identificado.
Bolsa
Ibovespa avança 3,6% em meio à expectativa sobre equipe econômica
Das agências
Especulações sobre nomes da nova equipe econômica do governo federal fizeram o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, subir 3,62% ontem, atingindo 52.330 pontos. O volume de negócios totalizou R$ 9,328 bilhões. No ano, a bolsa acumula alta de 1,60% e no mês de outubro, baixa de 3,30%. Após a reação negativa de segunda-feira à reeleição da presidente Dilma Rousseff, as atenções dos investidores estão concentradas na definição de quem comandará o Ministério da Fazenda e nas medidas prometidas pela presidente para impulsionar a economia.
O dólar fechou em queda. O comercial, usado no comércio exterior, recuou 1,94%, para R$ 2,474. A moeda à vista, referência no mercado financeiro, caiu 1,65%, para R$ 2,479. No ano, a alta das duas cotações é de cerca de 5%. Os mais cotados
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