A Índia deve colher outra safra excepcional de cana em 2011/12, graças às chuvas recentes e a um aumento cíclico na produção, disse um dirigente do setor na sexta-feira.
Segundo maior produtor e maior consumidor de açúcar do mundo, a Índia prevê colher 346 milhões de toneladas de cana nesta safra (outubro a setembro), um aumento em torno de 25 por cento em relação aos 278 milhões de toneladas da safra 2009/10.
A produção de açúcar na Índia deve saltar de 18,8 milhões de toneladas para 25,5 milhões de toneladas na próxima safra, o que fará o país passar de importador para exportador.
"A safra de 2010/11 deve ser seguida por um ano bom", disse Abinash Verma, diretor-geral da Associação Indiana das Usinas de Açúcar (Isma, na sigla em inglês), citando um habitual ciclo de cinco anos nos canaviais do país.
"Um ano bom se segue a outro ano bom, só no terceiro ano há um ponto de interrogação", disse ele, estimando que a produção de 2011/12 será 5 por cento maior ou menor do que a atual safra.
A chuva substancial que caiu em agosto e setembro também deve ajudar o desenvolvimento das lavouras, enquanto a cotação elevada do açúcar estimula os agricultores a continuarem plantando cana, em vez de passarem a outro cultivo, segundo Verma.
"Não esperamos realmente que as pessoas deixem a cana-de-açúcar no próximo par de anos pelo menos", disse Verma a Reuters durante um evento do setor em São Paulo.
O preço do açúcar no mercado futuro subiu acentuadamente em 2009 e chegou em janeiro ao seu maior valor em 29 anos, acima de 0,30 dólar por libra-peso, antes de cair fortemente. Mas os preços se recuperaram neste semestre, já voltando a 0,28 dólar por libra.
No entanto, os usineiros indianos não se beneficiaram integralmente da alta, já que as exportações são controladas pelo governo. Mas Verma espera que os preços locais subam se o governo aceitar elevar as quotas de exportação. A decisão deve ser tomada no final de novembro ou começo de dezembro.
A associação estima que entre 2,5 e 3 milhões de toneladas adicionais de açúcar devem ser destinadas às exportações neste ano. Isso deixaria o estoque final do país em 2010/11 em torno de 5 milhões de toneladas.
Atualmente, os preços domésticos indianos estão cerca de cem dólares por tonelada abaixo da cotação internacional, disse Verma.
Na opinião dele, a eventual desregulamentação do setor estimularia as usinas e agricultores a investirem em aumentar a produtividade. Segundo o executivo, seria possível elevar a produção em 40 por cento só com um aumento na produtividade.