O mercado financeiro global começou fevereiro com mau humor generalizado: perdas expressivas nas Bolsas de todo o mundo e desvalorização de moedas de países emergentes, com investidores buscando a segurança do dólar. Dados mais fracos da China e dos Estados Unidos, as duas maiores economias do planeta, colocaram em xeque o crescimento da economia mundial este ano. O resultado foi uma queda de 3,13% no Ibovespa, índice de referência do mercado brasileiro, que fechou aos 46.133 pontos e volume de R$ 6,7 bilhões.
O dado que desanimou os investidores foi o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da atividade industrial chinesa. O número recuou para 50,5 pontos em janeiro, depois de atingir 51 pontos em dezembro. É o menor nível em seis meses. Também recuou o PMI sobre a atividade do setor de serviços chinês, que ficou em 53,4 pontos em janeiro, ante 54,6 pontos em dezembro. Esses números confirmam as preocupações do mercado de que a segunda maior economia do planeta pode estar reduzindo sua expansão.
Nos EUA, os indicadores industriais também mostraram retração da atividade. O índice de atividade do setor de manufatura, medido pelo Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês), teve queda para 51,3 em janeiro, de 56,5 em dezembro.
Os indicadores vão determinar o ritmo de redução dos estímulos à economia pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). A instituição já anunciou duas reduções de compras de ativos, que desde dezembro baixaram de US$ 85 bilhões para US$ 65 bilhões por mês. Ontem, a economista Janet Yellen assumiu em Washington a presidência do Fed, substituindo Ben Bernanke ela é a primeira mulher a comandar o banco.
"As preocupações com os países emergentes deverão seguir nos radar dos mercados externos. Ao mesmo tempo, nos países desenvolvidos, a agenda de indicadores de atividade merece atenção, já que a consolidação da recuperação e a evolução da inflação serão decisivas para a política monetária nos EUA", avalia Octávio de Barros, economista do Bradesco.
Câmbio
O dólar começou o dia em queda, mas passou a subir com o aumento da aversão aos ativos de países emergentes, para fechar em R$ 2,437. "Em breve, teremos o dólar buscando picos de R$ 2,60. Temos um ano complicado pela frente no Brasil, com as eleições, e o governo também não atacou a parte fiscal", afirma Ítalo Abucater, especialista em câmbio da Icap Brasil.
No mercado de juros futuros, as taxas subiram acompanhando o dólar. Os investidores temem uma rodada mais forte de aperto monetário pelo BC depois que outros bancos centrais de países emergentes subiram juros para evitar a fuga de investidores.