O dragão na mesa do curitibano

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo IBGE em Curitiba voltou a superar a média nacional em 2010: en­­quanto o índice do país foi de 5,92%, os preços para os curitibanos subiram 6,71% no ano passado – entre as capitais pesquisadas, apenas Belém teve inflação maior. Esta é a segunda vez consecutiva em que Curitiba ocupa a vice-liderança no índice. Já o indicador nacional chegou ao maior nível desde 2004, puxado especialmente pelos alimentos.

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A continuidade no aquecimento do consumo do mercado interno deve continuar a elevar os preços não administrados este ano, como serviços de manicure, hotel e oficina mecânica. Além disso, não há como prever os movimentos futuros dos preços dos alimentos, que podem continuar a subir em 2011, visto que a inflação deste setor depende do comportamento das commodities no mercado internacional, cujos preços são muito voláteis.

Para o analista do banco Modal Luiz Eduardo Portella, é preciso haver novos aumentos de juros para ajudar a conter a demanda, além de medidas de ajuste fiscal. "Não tem como não subir os juros", avaliou. Ele comentou ainda que, caso a situação continue do mesmo jeito, é possível que o ano de 2011 novamente encerre com o IPCA acima do centro da meta.

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Na avaliação dos analistas da consultoria Tendências Bernardo Wjuniski e Thiago Curado, a inflação de 2010 medida pelo IPCA só não foi maior devido ao comportamento "excelente" dos preços administrados, como tarifas de telefone e de ônibus. Para os analistas, isso foi resultado de um ano eleitoral, quando diversos ajustes acabaram sendo postergados. Por isso, os preços administrados podem voltar a subir de forma mais intensa em 2011, na avaliação dos técnicos. Para o economista da M Safra Marcelo Fonseca, há o risco de o IPCA em 2011 não somente superar o centro da meta inflacionária, mas se posicionar acima do limite de tolerância de dois pontos porcentuais para cima, de 6,5%.