O Brasil cresceu 0,84% em abril nas contas do Banco Central, acima do esperado pelo mercado. O número, divulgado ontem, reflete vendas do varejo e produção industrial no azul. No entanto, também mostra uma desaceleração do índice da autarquia (IBC-Br) em relação ao mês anterior. O "PIB do BC" registrou expansão da atividade econômica de 1,07% em março (dado revisado).
Especialistas estimam que, daqui para frente, a tendência é diminuir ainda mais o ritmo, o que pode ter efeito na taxa de desemprego. Os dados dos últimos 12 meses do IBC-Br mostram, porém, uma aceleração da atividade econômica. O PIB do BC indica crescimento de 1,66% no período encerrado em abril deste ano. É maior do que o IBC-Br acumulado até março, que era de 1,22%.
Há diferenças entre o índice do BC e o dado oficial de crescimento, que é muito mais complexo. Pelas diferenças metodológicas, o dado não pode ser visto como uma "prévia do PIB". Ainda assim, é usado tanto pelo governo quanto por economistas e empresários como um termômetro do crescimento da economia.
Segundo o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, abril deverá ser o melhor mês do segundo trimestre. Maio e junho, na sua opinião, devem ter um desempenho mais fraco do que a tímida recuperação da atividade em abril. Ele ressalta que o país passa por um momento de transição, com uma importante mudança na estrutura do consumo: freio nos gastos das famílias e alta do investimento. Oliveira aposta que tanto o crescimento registrado pelo IBC-Br quanto os dados oficiais do IBGE ficarão em torno de 2,5% neste ano. "Esse crescimento é frustrante e terá um agravante no fim do ano: o aumento do desemprego", prevê.
O governo trabalha com a hipótese do crescimento da economia brasileira ficar em torno de 3%. A projeção da equipe econômica, contudo, é considerada otimista demais pelos analistas do mercado financeiro. Segundo a pesquisa semanal "Focus",a previsão para a expansão da economia brasileira está em 2,53% neste ano.