Cerca de 400 indígenas e ambientalistas ocuparam nesta quinta-feira (27) por tempo indeterminado as obras da gigantesca hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, para exigir a paralisação da construção, afirmou um porta-voz à AFP.
"Foi tudo pacífico, não havia guardas, não havia trabalhadores", afirmou um porta-voz da ONG Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
A ocupação por tempo indeterminado exige a suspensão definitiva das obras ou que ao menos elas sejam interrompidas até que sejam realizadas consultas aos povos indígenas que serão afetados, afirmou.
Cerca de 700 indígenas, pescadores e comunidades que vivem nas margens do rio Xingu aprovaram a ocupação na quarta-feira durante uma reunião em Altamira, estado do Pará, depois de o governo brasileiro desistir de participar de uma reunião de mediação convocada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização de Estados Americanos (OEA) em Washington.
"É uma vergonha a forma como nosso próprio governo nos tratou, com mentiras e se negando a dialogar com as comunidades afetadas", afirmou Sheyla Juruna, do movimento Xingu Vivo, citada em um comunicado.
As autoridades brasileiras consideram a usina um elemento fundamental para o desenvolvimento energético do país.
A obra gerou uma forte oposição de indígenas, populações locais e ambientalistas, que argumentam que o impacto socioambiental será muito grande.
Com 11.200 MW de potência (cerca de 11% da capacidade instalada do país) e um custo de 11 bilhões de dólares, a usina de Belo Monte pode se tornar a terceira maior do mundo, atrás de Três Gargantas na China e de Itaipu.
Em setembro, a Justiça do Pará ordenou a paralisação dos trabalhos que alteram o curso do rio Xingu, em uma decisão que poderá ser apelada. A decisão indicou que as obras que não interferirem na atividade pesqueira, como a construção de canteiros e residências, podem continuar.