Os índios que ocupam o canteiro da obra de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, em Vitória do Xingu (PA), aguardam um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para desocupar o local. A invasão ao canteiro entrou no oitavo dia hoje.
A aeronave da FAB deve pousar em Altamira (a 50 km do canteiro) e transportar de 140 a 200 índios, sendo a maioria da etnia mundurucu, para uma reunião com ministros amanhã, em Brasília.
O transporte dos índios à capital federal foi uma proposta da Secretaria-Geral da Presidência da República para a desocupação pacífica da obra. O índios ameaçavam atear fogo nos escritórios e nas instalações do canteiro Belo Monte, onde trabalham 7.000 operários.
Os índios exigiam a presença do ministro Gilberto Carvalho em Belo Monte para negociar um a um os itens da pauta de reivindicações. Desde 2011, a etnia não aceita estudos para construção de hidrelétricas nos rios Teles Pires e Tapajós, entre os Estados de Mato Grosso e Pará -última fronteira de rica biodiversidade e minérios da região.
Negociação
A nova invasão de Belo Monte começou no dia 27. O ministro Carvalho não aceitou negociar sem a desocupação da obra. O Planalto enviou ao canteiro Nilton Tubino, coordenador-geral de Movimentos do Campo e Territórios da Secretaria-Geral.
Ele assumiu o compromisso de levar os índios para Brasília em avião da FAB. Em troca, os índios desbloquearam as saídas da obra e desistiram de incendiar as instalações. Desde sábado, a construção da hidrelétrica retornou ao normal.
Em entrevista, Tubino afirmou que o processo de negociação com os índios foi positivo. "Não precisou cumprir a ação de reintegração de posse, que previa o uso de força policial. A preocupação nossa agora é conseguir uma aeronave da FAB para levá-los a Brasília", afirmou.
Encontro com ministros
A pedido dos índios, a reunião com os ministro Gilberto Carvalho, Edison Lobão (Energia) e José Eduardo Cardozo (Justiça) será acompanhada pelos advogados da etnia, de representantes do Ministério Público Federal do Pará e da ABA (Associação Brasileira de Antropologia).
Até a manhã desta terça, os índios permanecerão alojados em dois escritórios do canteiro Belo Monte, em Vitória do Xingu. Depois, serão transportados em ônibus para o aeroporto de Altamira.Um dos líderes do protesto, Cândido Munduruku afirmou à reportagem que o grupo que que vai viajar inclui mulheres, crianças e adolescentes.
"Somos mais de 200 pessoas. Vamos para Brasília discutir nossa pauta: paralisação das obras, demarcação das terras e impunidade na morte do Adenilson Munduruku", disse. O índio Adenilson morreu num conflito com policiais federais durante uma operação de combate à extração ilegal de outro na aldeia Teles Pires, em 2012.
A viagem dos índios a Brasília foi criticada neste domingo pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre, que apoia o protesto dos índios Munduruku."Essa viagem é uma grande intransigência do governo, que não parou um minuto para avaliar os erros que têm feito como as mortes dos índios", afirmou Antônia Melo, coordenadora do movimento.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião