Após três dias de protestos, índios da etnia juruna que ocupavam um dos acessos à obra da usina hidrelétrica de Belo Monte, no sudoeste do Pará, encerraram a manifestação por volta das 18h45 (horário de Brasília) desta quarta-feira (9).

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A obra ficou parcialmente parada desde a segunda-feira (7) em razão do protesto e deve retomar as atividades normais na quinta-feira (10).

A Norte Energia, empresa responsável pela hidrelétrica e que tem o governo federal como principal acionista, se comprometeu em pagar uma indenização para compensar danos ambientais provocados pela obra nas águas do rio Xingu. Índios e empresa não informaram o valor acertado.

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Os índios pediram inicialmente R$ 300 mil de indenização. Eles afirmam que as águas do Xingu ficaram turvas nos últimos dois meses, desde o fim da construção de uma barragem provisória no rio, o que teria inviabilizado a pesca nas aldeias.

"Foi decidido que a empresa dará uma compensação. O valor, infelizmente, acordamos que não vamos falar. A partir de agora eles vão arcar com os prejuízos na nossa atividade pesqueira", afirmou o índio Jaílton Juruna.

Segundo ele, outras compensações foram acordadas, como a construção de poços artesianos dentro das aldeias da região conhecida como Volta Grande do Xingu. "Estamos saindo satisfeitos da reunião. Mostramos que a gente da Volta Grande tem que ser respeitada", disse o líder do protesto.

Roberto Camilo, diretor socioambiental da Norte Energia, avaliou o acordo como positivo. "Os índios foram bastante maduros e concordaram com aquilo que oferecemos. Todos nós temos o mesmo objetivo de construir essa usina para gerar energia", afirmou.

Na segunda, ao menos 20 índios jurunas, pintados e armados com flechas, iniciaram o bloqueio na estrada de acesso ao sítio Pimental, um dos três canteiros da obra da usina, a 50 km da cidade de Altamira.

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Quinze ônibus foram retidos pelos índios. Na manhã de hoje, os índios deixaram que veículos com alimentos e combustível entrassem dentro do canteiro, onde mil operários estavam alojados. Com a obra suspensa, outros 3.000 trabalhadores continuavam em suas casas.

O CCBM, consórcio responsável pela construção da usina, informou que a obra tem previsão de conclusão em 2019. Por esse motivo, segundo a empresa, não é possível mensurar prejuízos por causa da paralisação em apenas um canteiro da obra.