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Trabalho

Indústria à beira do apagão

Laboratório de fábrica de implantes dentários em Curitiba: indústria não terá trabalhadores para completar quadro | Walter Alves/ Gazeta do Povo
Laboratório de fábrica de implantes dentários em Curitiba: indústria não terá trabalhadores para completar quadro (Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo)
De acordo com o Ipea, o PR será o quinto estado em geração de empregos |

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De acordo com o Ipea, o PR será o quinto estado em geração de empregos

O Paraná pode viver um apagão de mão de obra em dois setores bastante importantes na economia do estado ainda neste ano. De acordo com o levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2011 a indústria deverá ter um déficit de 18,5 mil profissionais qualificados. A área de transportes, armazenagem e comunicação (logística), por sua vez, vai apresentar o maior índice de falta de trabalhadores com experiência no Brasil: serão 3,4 mil vagas não preenchidas por falta de pessoal preparado.

Entretanto, segundo o estudo "Emprego e Oferta Qualificada de Mão de Obra no Brasil: Projeções para 2011", enquanto sobram vagas nestes dois setores, outros 12,4 mil paranaenses com qualificação e experiência ficarão desempregados porque as demais áreas da economia não conseguem absorver tantos profissionais.A dura realidade é sentida na pele por empresários como Edson Campagnolo, proprietário de uma indústria de confecções no Sudoeste do estado. Ele afirma que há escassez em sua região e isso inibe o crescimento de suas atividades. "A dificuldade aumenta porque estamos fora de grandes centros. Temos que ter criatividade para conseguir contornar o problema. Aqui temos feitos parcerias e trabalhadores interessados estão fazendo treinamento na empresa durante a noite", diz. "Estas aulas nos ajudaram a suprir um pouco a nossa necessidade, mas isso não é garantia de nada, porque formar o profissional não significa que ele vai querer trabalhar com a gente depois do curso", pondera Campagnolo, que possui uma unidade em Capanema e outra em Planalto. "Para você ver como esta nossa situação, estamos pagando para os funcionários se formarem."

Apesar do déficit no setor, o diretor do Senai-PR, João Batista Lopes, é otimista perante o futuro. Ele acredita que até o fim do ano a situação já tenha mudado por causa dos cursos oferecidos pelo Senai em parceria com o Sesi. "Educação e qualificação não se dá do dia para noite. Até o fim do ano estarão formados cerca de 20 mil novos funcionários para a indústria, que poderão ser facilmente absorvidos. São aprendizes que entraram no curso e estarão prontos."

Alta demanda

O coordenador do curso técnico em Logística da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Carlos Eduardo da Costa, tem uma explicação para que o estado tenha o maior déficit do país no setor. Segundo ele, a demanda no Paraná é muito exigida e a área de conhecimento é muito recente. "Até dez anos atrás, a logística era estudada dentro do curso de Administração. Os cursos específicos começaram muito recentemente e ainda são técnicos ou tecnólogos", diz. "Pelo perfil do estado, sendo agrícola e industrial, a demanda pelo profissional é muito grande." Enquanto no Paraná 3,4 mil vagas estão em aberto, em São Paulo 25 mil profissionais da área estarão sem emprego neste ano. "É muito possível que trabalhadores de fora acabem vindo para cá."

O estudo do Ipea chama atenção para estas áreas deficitárias e analisa que esta é uma tendência regional. "A Região Sul poderá apresentar mais problemas de escassez de mão de obra, com três setores de atividade econômica com déficit de trabalhadores (comércio e reparação, indústria e transporte, armazenagem e comunicação)", diz o levantamento.

Construção

Um levantamento divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) confirma o problema. Segundo o estudo, nove em cada dez empresas da construção civil sofrem com a falta de trabalhadores qualificados. De acordo com a Sondagem Especial da Construção Civil, que ouviu 385 empresas entre os dias 3 e 20 de janeiro, 89% das empresas enfrentam dificuldades por causa da falta de trabalhador qualificado.

Brasil terá 1,6 milhão de novas oportunidades

O estudo do Ipea mostra que, em 2011, serão gerados no Brasil 1,66 milhão de novas vagas de trabalho. O número leva em conta os postos que exigem qualificação e toma como base o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5%. Se a previsão do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, estiver correta – ele afirma que serão criados 3 milhões de novos postos neste ano – é possível supor que os outros 1,4 milhão de empregos exigirão baixa ou nenhuma qualificação profissional.

De acordo com o levantamento, neste ano o setor que mais deve gerar emprego qualificado será o de comércio e reparação, com mais de 546 mil novos postos de trabalho, seguido pela indústria, com mais de 503 mil novas ocupações, e da construção civil, com 168 mil novos empregos. Estes três setores, juntos, vão responder por cerca de 1,2 milhão de postos de trabalho a serem preenchidos em todo o país – 73% do total para este ano.

O Paraná deve ser o quinto estado que mais vai criar postos de trabalho que exijam qualificação, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Ao todo, serão 109 mil vagas abertas no estado. Os setores que mais ofertarão vagas serão comércio e reparação (41,4 mil), indústria (34,8 mil) e construção (13,6 mil). Por outro lado, o setor agrícola vai gerar apenas 334 vagas neste ano, enquanto que a administração pública deve cortar 973 vagas ao longo do ano no Paraná.

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