Vinte e dois recalls em quatro meses: até a metade de abril foram convocados quinze modelos de carros e mais sete de motos, de acordo com o Procon de São Paulo. Na era da informação, as montadoras assumem as falhas e demonstram que estão preocupadas com a marca e com o cliente.
Para Francisco Satkunas , conselheiro da SAE Brasil, as ações são benéficas para o setor. "Eu considero positivo ser proativa, saltar na frente, identificar o defeito, chamar esse consumidor, fazer o aviso junto aos órgãos públicos e fazer a proteção necessária."
Além de ser uma obrigação do fabricante, esse é um direito adquirido pelo consumidor. Eduardo, proprietário de um Gol, ficou sabendo do recall por meio de uma carta. O defeito foi confirmado, e o rolamento de roda, substituído e lubrificado. O consultor técnico Aurimendes Ferreira da Silva afirma que, se ele não levasse o carro para uma concessionária, corria o risco de um travamento ou até a soltura da roda.
No carro de Ricardo Carral, a possível falha estava relacionada ao conjunto de faróis. O conselheiro técnico da Peugeot Roberto Marchezini Benedito diz que foi feita uma atualização no carro do cliente. "O que a gente faz? A gente atualiza o software da caixa de serviços inteligentes pra que evite o problema do apagamento inoportuno dos faróis."
"Sempre é positivo uma situação de alertar o que pode acontecer no futuro, ou que venha prejudicar o consumidor ou o motorista", diz o motorista. Mas nem todo mundo tem essa consciência. Cerca de 40% dos donos de veículos convocados para o recall não comparecem. O diretor de fiscalização do Procon de São Paulo, Paulo Arthur Góes, alerta que o consumidor pode ser responsabilizado em caso de incidentes.
"É muito mais negativo pra uma empresa depois ser obrigada a realizar um recall que ela não admitiu que deveria ter sido feito, do que fazê-lo já de início... isso demonstra sem dúvida, respeito com o consumidor, com o seu cliente", afirma o diretor do Procon.