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Com o desaquecimento da demanda interna, a produção da indústria brasileira encerrou o primeiro semestre com o pior desempenho desde 2009, quando a atividade tinha sido fortemente afetada pelos efeitos da crise financeira mundial, segundo o IBGE.

A queda de 1,6% da atividade industrial em junho contra maio, reportada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nesta quarta-feira, veio muito pior do que as projeções mais pessimistas.

Analistas consultados pela Reuters projetavam queda de apenas 0,2% - com faixa de previsões entre baixa de 0,70% e alta de 0,30%. Na comparação contra junho de 2010, a mediana apontava 2,6%, mas o crescimento foi de apenas 0,9%.

Não bastasse isso, o IBGE também revisou os dados dos meses anteriores, a maioria para pior. O número de maio ante abril foi revisto de alta de 1,2 para 1,1%, e o de abril contra março passou de queda de 1,2% para recuo de 2,3%.

"Foi uma freada de arrumação", resumiu o economista do IBGE, André Macedo. "Temos uma clara redução de ritmo, um perda. Há um acúmulo de estoques, seja pela menor demanda interna, seja pela maior penetração de importados ou pelo encarecimento do crédito a partir de medidas do governo," adicionou o economista.

Logo após a divulgação dos dados, o governo anunciou um novo programa de política industrial, cujo eixo é justamente um pacote de incentivos para exportadores.

De acordo com o IBGE, o crescimento no primeiro semestre deste ano foi de 1,7%. Nos seis primeiros meses de 2010, a indústria cresceu 16,2%. No ano passado, a atividade avançou 10,5%. Em 2009, a indústria tinha tombado 13,4% na primeira metade do ano, em meio aos efeitos da crise financeira global.

No primeiro semestre deste ano, a mudança de comportamento foi mais acentuada na produção de bens duráveis, que foram diretamente afetados pelo aperto do crédito. O segmento saiu de um alta de 5,3% no primeiro trimestre para uma queda de 6,2% no segundo trimestre.

"A taxa de juros mais alta, o crédito mais caro e os prazos mais curtos de financiamento afetam, sendo que o setor de automóveis está puxando para baixo. Há notícias de formação de estoques de carros," declarou Macedo.

A produção de bens semi e não duráveis saiu de uma taxa positiva nos três primeiros meses do ano para uma queda de 1,2% no trimestre seguinte.

"Aí estão os setores mais afetados pela entrada de importados com o dólar mais baixo, como têxtil, calçados, vestuário e até bebidas, que é voltado para o mercado interno mas aumentou seus preços a partir de um aumento de impostos em abril," disse Macedo.

Nos demais segmentos, a expansão da produção no segundo trimestre foi próxima de zero. O de intermediários avançou 0,2% e de os bens de capital, 0,3%. Em bens de capital, os destaque foi a produção de caminhões e aviões e a construção civil.

Já no setor de bens de capital para a indústria, que sinaliza o investimento em modernização, a expansão passou de 3,9% para 0,7% na passagem do primeiro para o segundo trimestre.

Segundo o economista, muitas empresas estão aproveitando o dólar mais baixo para importar máquinas e equipamentos.

Junho

Segundo o IBGE, a queda em junho refletiu uma demanda interna menor e de uma série de paralisações, como nas industrias de refino, metalúrgica e outros produtos químicos.

O índice de difusão, que calcula quantos ramos tiveram resultados positivos no mês, atingiu em junho o pior resultado para o mês de toda a série iniciada em 2001.

Apenas 30,9% dos produtos pesquisados ampliaram a produção ante maio. A média histórica para junho é de 40,6%.

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