Depois de andar em marcha a ré no ano passado, a indústria de implementos rodoviários começa 2013 em ritmo de retomada. Embora admitam que seja difícil quebrar os recordes estabelecidos dois anos atrás, os fabricantes andam animados. Uns menos, outros mais: a expectativa de crescimento varia de 6% a 15%, dependendo da fonte.
Não falta crédito para o setor, e o juro do BNDES continua baixo está em 3% ao ano e, embora vá subir para 4% em julho, seguirá abaixo da inflação. Mas a principal razão para otimismo vem das boas perspectivas para o mercado de caminhões, sem as quais o financiamento barato não teria muita serventia. Afinal, se empresas e caminhoneiros não comprarem caminhões, não vão precisar de implementos reboques, baús, porta-contêineres, graneleiros e afins.
Em 2012, por exemplo, as taxas do BNDES foram reduzidas três vezes, até cair a apenas 2,5% ao ano. Mas adiantou pouco, porque o mercado de caminhões estava deprimido: a adoção do padrão Euro 5 de motores encareceu os veículos em até 10% e, junto com o mau desempenho da economia, derrubou as vendas em quase 20%. A queda levou de arrasto a cadeia de fornecedores e, claro, os fabricantes de reboques. Segundo o dado mais recente da Anfir, representante dessa indústria, as vendas de implementos caíram 16% até novembro.
Recuperação
As projeções disponíveis mostram que pelo menos uma parte do terreno perdido será recuperada em 2013. A Anfir ainda não arrisca uma previsão, mas a Anfavea que representa as montadoras de veículos espera que as vendas de caminhões aumentem entre 7% e 7,5%.
Escaldada por uma retração de mais de 10% no ano passado, a Pastre, de Quatro Barras (Região Metropolitana de Curitiba), se diz cautelosa. "Em 2012 tivemos de abrir mão de margem de lucro para manter a fábrica operando", conta Flávio Pontes, coordenador de marketing da empresa, que também controla a Boreal, especializada em carrocerias frigorificadas.
"Neste ano esperamos que o mercado cresça entre 6% e 6,5%. Estamos trabalhando para ir um pouco além disso", diz. Uma das atitudes foi procurar clientes no exterior: a Pastre já conseguiu um contrato de oito implementos por mês para o Uruguai, o equivalente a 5% da produção.
A Metalesp, de Rio Branco do Sul, também na Grande Curitiba, está mais otimista. A empresa, que em 2012 teve de facilitar as condições de pagamento para fechar o ano com retração de "apenas" 8%, mira agora um crescimento de 15%.
"Vinha tudo muito ruim até outubro, mas de repente as coisas se aceleraram", conta João Manuel Cardoso, gerente de vendas e marketing. "Até então estávamos trabalhando com pronta entrega. Hoje nossa principal linha, de silos, tem um prazo de entrega de 70 dias. Na linha de tanques para líquidos, a produção está toda vendida até maio."