O debilitado setor industrial é que deverá assegurar ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) a possibilidade de divulgar um saldo líquido de empregos formais positivo em setembro, descontados os efeitos sazonais. A avaliação é do economista Fábio Romão, da LCA Consultores. De acordo com ele, a despeito do mau momento pelo qual passa, a indústria está acelerando as contratações de funcionários temporários para formação de estoques, tendo em vista as festas de fim de ano.
Os dados agregados do mercado formal de trabalho serão divulgados pelo Caged nesta quarta-feira, 15. Levantamento feito pelo AE Projeções dão conta de que as expectativas do mercado vão de um piso de 68.842 a 173.400 vagas e mediana de 133.000 postos de trabalho com carteira assinada. A previsão de Romão aponta para a abertura de 165 mil postos de trabalho, número que se for confirmado, mostrará um crescimento de 62,7% sobre os 101.425 postos abertos em agosto, mas que será 21,82% menor que os 211.068 postos abertos em setembro do ano passado.
Depois de submetido ao filtro da dessazonalização, de acordo com o economista, o saldo líquido de empregos formais em setembro deverá fechar em 40 mil, abaixo dos 65 mil postos anotados em setembro do ano passado. Será, portanto, o primeiro resultado positivo desde maio deste ano. Naquele mês, o saldo de emprego com carteira assinada com ajuste sazonal ficou negativo em 28 mil postos. Em junho foram fechados 28,7 mil vagas; em julho, 15 2 mil; e em agosto foram eliminados 3,8 mil postos de trabalho com carteira.
"Em setembro, dificilmente o saldo voltará a ser negativo por causa das contratações temporárias pela indústria e porque, em função do aumento das encomendas, as empresas deixaram de demitir trabalhadores que já estavam empregados", disse Romão.
Por isso, de acordo com o economista, não há razão para uma eventual comemoração em face dos números que o Caged deverá divulgar amanhã, porque, se haverá uma melhora na margem, nas comparações ano contra ano o mercado de trabalho vem se deteriorando. Justificativas segundo as quais o número de contratações vem diminuindo em função da redução do estoque de desempregados não são corretas, segundo Romão.
"Tem que levar em conta que a população está crescendo e que tem novos entrantes no mercado de trabalho todos os anos. É verdade que tem as mortes, mas a entrada líquida é maior", disse. Além disso, segundo o economista da LCA, o desemprego continua baixo porque a População Economicamente Ativa (PEA) tem caído.
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