A indústria paranaense vê com reservas os resultados que suas atividades podem ter no próximo ano. De acordo com um levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o quadro que se vê é de um otimismo com cautelas, semelhante ao que outros representantes da iniciativa privada vêm apontando para o período.
Segundo os indicadores da Fiep, 76,9% dos industriais locais têm expectativas favoráveis para o próximo ano número que, segundo o presidente da organização, Edson Campagnolo, não é alto para o setor e representa um "bom humor relativo". A sondagem consultou 425 empresas, de todos os portes e regiões do estado, que empregam 106 mil pessoas 20% dos trabalhadores do setor.
O porcentual de expectativas favoráveis caiu pelo segundo ano seguido ele era de 87,8% para 2010 e de 86,4% para 2011. "O humor do industrial caiu, motivado em parte pelas notícias que vêm de fora. Ainda há certas expectativas positivas, claro, mas tudo com muito cautela, muita responsabilidade", afirmou Campagnolo.
O levantamento apontou que, entre as indústrias que veem 2012 com otimismo, boa parte delas considera a possibilidade de novos investimentos (apontada por 40,6% das entrevistadas), número que supera a previsão de aumento nas vendas (citada por 39% das companhias).
A maior parte dos investimentos deve ser voltada à atividade produtiva das empresas. Ela é contemplada pelos cinco principais destinos dos aportes apontados pelas companhias. A produtividade, lembrada por 48% das indústrias, e a modernização tecnológica, citada por 46,8%, lideraram a lista. A busca por novas tecnologias, com 13,4%, e o marketing, com 13,9%, ficaram entre os que menos devem receber verbas em 2012.
Outro desafio apontado pela Fiep está nas exportações de manufaturados de maior valor agregado. Segundo o coordenador do Departamento de Economia da organização, Maurílio Schmitt, este é o setor que deve atravessar o ano com mais dificuldades.
A queda da participação relativa desses produtos no total exportado pelo Paraná e o forte crescimento das importações de mercadorias do mesmo tipo colaboraram para o déficit comercial de US$ 1,2 bilhão acumulado pelo estado de janeiro a novembro deste ano. Segundo Schmitt, com a expectativa de manutenção do cenário de exportações do estado, 2012 pode ser mais um ano de saldo negativo na balança comercial paranaense.
Quase 70% das empresas vão contratar
Segundo uma outra sondagem, produzida pela consultoria de recursos humanos Michael Page, 69,9% das empresas pretendem aumentar o seu quadro de funcionários em 2012. "As empresas estão apostando em margens maiores e riscos menores. Assim, devem focar na eficiência de suas operações e das vendas, reduzindo custos e aumentando a eficiência da operação", diz Leandro Muniz, gerente regional da Michael Page no Paraná.
De acordo com o levantamento, 63% das companhias devem elevar o volume de investimentos no ano que vem. A grande aposta das empresas se encontra na melhoria de suas operações, pensando principalmente no aumento da produtividade.
Outro estudo reforça a importâncias que as vendas terão em 2012. Em levantamento feito pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), 70% das empresas ouvidas afirmam que seu foco de investimentos estará nas estratégias comerciais. Outro alvo importante é o marketing, lembrado por 52% das companhias.
Os dois pontos se encaixam nos planos da paranaense Ibema, fabricante de papel cartão. De acordo com o gerente financeiro da companhia, Evaristo Bicalho, a expectativa é de aumentar o volume de vendas em cerca de 13% sobre 2011, devendo atingir a comercialização de 92 mil toneladas.
"Estamos fortalecendo muito nosso departamento comercial, incentivando o trabalho e também dando uma base muito sólida de estatísticas para a equipe. E tudo isso deverá mostrar bons resultados já em 2012", afirma Bicalho.
Ele conta que neste ano a empresa deu prioridade ao corte de custos e que, por isso, o aumento de vendas esperado para 2012 deve ser ainda mais bem recebido. No ano que vem, a empresa também lança um novo posicionamento de marketing, ancorado no conceito da marca trabalhando pelo cliente.