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Setor produtivo

Indústria do Paraná recua pelo 3.º mês consecutivo em maio

Veja a situação da indústria do Paraná |
Veja a situação da indústria do Paraná (Foto: )

A produção industrial do Paraná registrou o terceiro resultado negativo consecutivo e caiu 4,1% em maio em relação a abril, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a maio do ano passado, a queda ficou em 11,9%, o pior resultado desde janeiro de 2000, quando havia sido apurada uma redução de 13,2% nessa mesma base comparativa.

A indústria paranaense dá sinais de desaceleração mais forte justamente em um momento em que o resultado nacional começa a melhorar. De acordo com o IBGE, a produção industrial brasileira cresceu 1,3%, com avanço em oito das 14 regiões pesquisadas em maio na comparação com abril.

De janeiro a maio, a indústria do Paraná acumula queda de 3,7%. "O Paraná foi afetado pelo fraco desempenho de setores como a produção de veículos automotores, máquinas e equipamentos e celulose e papel", diz Denise Cordovil, economista da coordenação de indústria do IBGE. "Os setores que vinham puxando o desempenho no ano passado são agora os que derrubam o índice", afirma.

Dos 14 segmentos pesquisados no Paraná, 11 tiveram resultado negativo em relação a maio do ano passado. Entre as principais contribuições negativas estão a produção de veículos automotores, que caiu 25,4% na comparação com maio do ano passado, influenciada principalmente pelo segmento de caminhões. A Volvo, com fábrica da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), reduziu em 39% a produção de janeiro a maio na comparação com igual período do ano passado e hoje monta 51 caminhões por dia entre pesados e semipesados, contra 79 no período pré-crise.

Na pesquisa por setor industrial não é possível fazer a comparação com o resultado do mês anterior (abril). "Na análise por segmento a única comparação possível é com o mesmo período do ano passado. E é preciso considerar que a base de comparação, de maio de 2008, era muito alta porque a economia estava crescendo", lembra Denise.

Para o IBGE, a queda na produção do setor de veículos revela que as montadoras ainda estavam com estoques muito elevados e o ritmo de retomada é lento, mesmo com as medidas de incentivo do governo para estimular as vendas, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Papel e celulose

Outro setor que puxou a produção para baixo foi o de celulose e papel, com queda de 17,4%. "Esse segmento foi afetado principalmente pela redução da produção de papel jornal", afirma Denise. A norueguesa Norske Skog, única fabricante de papel jornal do país, suspendeu por um mês a produção na sua fábrica, localizada em Jaguariaíva (Norte Pioneiro), para ajustar o ritmo de fabricação à redução da demanda. A gerente de marketing, Carolina Ribeiro, diz que deixaram de ser produzidas 12,5 mil toneladas de papel em maio.

Pressionada pela queda na demanda interna e nas exportações, a indústria de móveis reduziu em 16,7% a produção. Segundo Valdecir Tudino, presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima), o consumidor vem trocando a compra do móvel pela de outros produtos que tiveram redução de IPI, como automóveis e eletrodomésticos de linha branca, o que derrubou as vendas e elevou os estoques. Além disso, medidas protecionistas da Argentina – segundo maior destino do móvel brasileiro – também afetaram as exportações.

Em direção oposta estão os setores fortemente vinculados ao mercado interno, como o de metais não metálicos – usados como insumo na construção civil – cujas vendas cresceram 6%, no embalo do aquecimento do mercado imobiliário. Os setores de bebidas e refino de petróleo e álcool foram as outras duas contribuições positivas, com avanço de 1,7% e 1,6%, respectivamente.

Edição e impressão

O IBGE também mostra uma mudança nos rumos do setor de edição e impressão, que vinha sustentando o resultado industrial do Paraná no início do ano. Depois de registrar forte crescimento, a produção caiu 9% em maio. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) no Paraná, Sidney Paciornik, agora o setor começa a sentir os efeitos da desaceleração econômica. Para Denise Cordovil, do IBGE, a redução também reflete o fim de algumas encomendas de livros didáticos por parte do governo, que sustentaram a venda do setor nos últimos meses.

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