Fábrica da Renault, em Curitiba: parada da unidade para reformas, no ano passado, influenciou os números do setor de automóveis| Foto: Bruno Covello/ Gazeta do Povo

Sondagem

Menos empresas planejam ampliar investimentos em 2014

Agência Estado

A perspectiva de um crescimento mais tímido nos próximos anos tem afetado as projeções de investimentos da indústria de transformação. Na Sondagem de Investimentos da Indústria de Transformação, pesquisa divulgada ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), 19% das indústrias preveem investir menos em 2014 do que neste ano – sendo que, destas, 77% (ou 15% do total de empresas pesquisadas) esperam uma queda acima de 10% nesse quesito. Na projeção feita para 2013, 15% planejavam investir menos do que em 2012.

"Há uma desaceleração da economia que eu acredito ser conjuntural. O que vai determinar se o investimento vai retomar, atingir o porcentual desejável em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), que é de 20%, é a perspectiva de crescimento de médio e longo prazo. Nesse sentido, tivemos uma mudança na perspectiva do PIB potencial para baixo nos últimos anos", analisou o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo.

Para o economista, a guinada na economia ainda não é clara. Assim, o período mais tímido do investimento deve ser o primeiro semestre do próximo ano.

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A produção industrial paranaense registrou alta de 5% de janeiro a outubro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem. O setor que mais puxou o resultado foi o de veículos automotores – caminhões e carros (3,62%). Em seguida vêm os segmentos de máquinas e equipamentos (1,34%), refino de petróleo e produção de álcool (0,32%), minerais não metálicos (0,31%) e produtos químicos (0,26%) – este último explicado pelo aumento da fabricação de máquinas voltadas à produção de celulose, de acordo com o IBGE.

INFOGRÁFICO: Produção de veículos representa 70% do crescimento acumulado deste ano

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Na contramão, o setor que mais registrou queda foi o de edição, impressão e reprodução (-98%), pressionado pela redução na produção de materiais impressos, como livros e apostilas didáticas. Na comparação entre outubro de 2013 e 2012, o estado registrou alta de 13%, ocupando a segunda melhor posição entre as 14 regiões analisadas pelo IBGE. Como no acumulado do ano, o setor mais representativo foi o de automóveis. O Paraná, junto com Rio Grande do Sul (14,5%) e Ceará (11,8%), faz parte da tríade de estados com crescimento na casa de três dígitos.

Para o economista da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) Roberto Zurcher, o cenário do estado é positivo porque no ano passado a indústria teve um desempenho ruim. "Realmente podemos dizer que a economia paranaense está reagindo bem, principalmente a indústria. Mas devemos ter como ponto de partida o que aconteceu no ano passado. Nossa base é deprimida", conta.

Pior da série

A indústria, em 2012, apresentou queda de 4,8% – o pior resultado da série histórica desde 1998. Em dezembro daquele ano a retração foi de 28,3%. Os motivos do baixo desempenho foram a parada de oito semanas da fábrica da Renault e a queda de 17% nas vendas de caminhões da Volvo. "Foi por isso que a produção de carros e de caminhões demonstrou maior crescimento, pois sofreu muito no ano passado", relata Zurcher.

Neste ano, o setor de veículos também foi impulsionado pela safra recorde de grãos de 2013 (36,7 milhões de toneladas, 17,7% superior a do ano passado), que movimentou a comercialização de caminhões agrícolas. Só as vendas da Volvo para o mercado interno aumentaram 45%.

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Maior que o Brasil

O ritmo de crescimento do Paraná é 3,4% superior ao registrado na indústria nacional (1,6%). "Essa performance, determinada por alguns setores chave da nossa economia, mostra que a indústria está em fase de recuperação", diz Ana Silvia Martins Franco, economista do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

Brasil cresce de forma tímida

No acumulado do ano o Brasil cresceu 1,6%, resultado puxado por Rio Grande do Sul (6,4%), Paraná (5,0%), Bahia (4,9%), Goiás (4,3%), Ceará (3,8%), Santa Catarina (2,1%), São Paulo (1,8%), Amazonas (1,7%), Região Nordeste (1,2%) e Rio de Janeiro (0,8%).

Para Rodrigo Lobo, pesquisador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), o crescimento, apesar de tímido, mostra uma leve recuperação, que deve continuar no próximo ano. "Isso mostra que o Brasil está se recuperando das perdas de 2012 e que a indústria está retomando o fôlego", relata.

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O crescimento nacional foi influenciado, principalmente, pelo aumento da fabricação de bens de capital e de consumo duráveis, da produção de refino de petróleo e álcool e dos setores têxtil, de calçados, de couro e de alimentos. O estado que mais recuou na produção foi o Espírito Santo (-7,5%), segui­do por Pará (-6,6), Minas Gerais (-0,8) e Pernambuco (-0,1).

Na comparação entre outubro de 2013 e 2012, o Rio Grande do Sul também foi o que mais cresceu, com alta de 14,5%, seguido do Paraná (13,0%), Ceará (11,8%), Santa Catarina (4,9%) e Amazonas (1,9%). Os estados de São Paulo e Pernambuco apresentaram alta tímida de 0,5% e 0,2%, respectivamente. No acumulado, houve recuo no Espírito Santo (-8,5%), Bahia (-2,8%), Rio de Janeiro (-2,6%), Região Nordeste (-2,4%), Pará (-1,9%), Goiás (-1,1%) e Minas Gerais (-0,2%).