A produção da indústria do Paraná teve um dos piores desempenhos do país no mês de julho, conforme pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a junho, a atividade do estado recuou 1,2% perdeu só para a Bahia (-1,6%). Esta foi a segunda queda consecutiva e a perda acumulada nos dois meses é de 6%. No ano, o Paraná registra o segundo pior resultado (-3,3%) do Brasil e o maior retrocesso na produção industrial dos últimos 12 meses (-4,3%).
"Alguns setores importantes na estrutura industrial do Paraná ajudam a explicar estes resultados negativos", diz o economista André Macedo, da coordenação de Indústria do IBGE. Um deles, segundo o economista, é o de veículos automotores, que recuou 28,9% em relação a julho de 2005. "As montadoras do Paraná se especializaram em nichos que agora estão em crise", diz Benedicto Kubrusly, diretor regional do Sindipeças, que representa os fabricantes de componentes para indústria automotiva. "As plantas da Volkswagen, por exemplo, produzem uma linha de carros para exportação. Já a CNH [que produz máquinas agrícolas] foi abatida pela crise na agricultura."
O desempenho paranaense também foi puxado para baixo pela queda no setor de produtos químicos (-16,7%). "É um setor ligado à produção de adubos e fertilizantes, que por sua vez está ligado à agricultura, que também está com dificuldades. A questão do preço do petróleo, que vai na composição de vários produtos, influencia bastante", explica Macedo, do IBGE.
A indústria da madeira também registrou queda de 12,8% em julho, na comparação com julho de 2005. Neste caso, a valorização do real frente ao dólar é tida como principal vilã.
A principal pressão positiva no estado veio do setor de Alimentos (aumento de 11,5%), que tem bastante peso no cálculo da taxa global. O setor foi influenciado sobretudo pelo acréscimo nos ítens açúcar cristal e óleo de soja refinado.
Brasil
A pesquisa do IBGE mostra que a produção industrial cresceu em nove das 14 regiões pesquisadas em julho, na comparação com a produção de junho, na série com ajuste sazonal. O maior crescimento ocorreu no Amazonas (3,3%), seguido do Ceará (2,2%) e Rio Grande do Sul (2,1%).Houve crescimento também no Pará (1,5%), Região Nordeste (1,9%), Minas Gerais (0,6%), São Paulo (1,5%), Rio de Janeiro (0,6%) e Goiás (0,1%).
As quedas ficaram por conta de Pernambuco (1%), Bahia (1,6%), Espírito Santo (1%) e Santa Catarina (0,7%), além do Paraná. Na média nacional, houve crescimento de 0,6%.
Quando a comparação é feita com julho do ano passado, o aumento na produção foi verificado em 10 regiões. Os principais destaques foram o Pará (22,8%), Espírito Santo (18,5%) e Ceará (13,1%). São Paulo (5,0%) e Rio de janeiro (4,8%) também cresceram acima da média nacional, que foi de 3,2%.
Nesta comparação, além do Paraná, outros três estados apresentaram recuo na produção: Rio Grande do Sul (-2,5%), Bahia e Amazonas (ambos com recuo de -1,7%).