Guillermo Moreno, mentor das medidas protecionistas da Argentina, obteve apoio da Fiesp| Foto: Yasuyoshi Chiba /AFP

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Vizinho é o maior desafio para o país, admite governo

Folhapress

A secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, disse ontem que a Argentina é hoje o maior desafio para as exportações brasileiras. As vendas ao vizinho estão em queda e o governo estuda medidas de financiar as exportações. "A Argentina é um importante mercado para o Brasil, principalmente de produtos manufaturados, e não é interessante que a situação econômica de lá se deteriore", disse.

Fatia reduzida

As exportações para a Argentina somam 10% do total do Brasil. O país vizinho é o terceiro mais importante para o comércio exterior brasileiro. "Em um passado recente, as exportações somavam 12%", disse Tatiana. As vendas para a Argentina caíram por causa de ações protecionistas adotadas pelo vizinho para incentivar a economia local e evitar a saída de dólares. "Em períodos de crise, é comum os países adotarem medidas protecionistas, mas o Brasil tem sido incisivo ao questionar isso."

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O Brasil pode aumentar em até US$ 6 bilhões as importações da Argentina num prazo de até cinco anos. Atualmente, o saldo comercial favorece o Brasil. Por ano, o país compra US$ 17 bilhões e vende US$ 22 bilhões. O cálculo foi apresentado ontem por Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), anfitrião do maior encontro já organizado entre empresários argentinos e brasileiros.

A reunião em São Paulo visou retomar o ambiente de negócios, e Skaf não disfarçou um esforço em estimular as compras de produtos argentinos, com vistas a aliviar as barreiras protecionistas erguidas pelo país vizinho.

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Os empresários foram reunidos em grupos de acordo com a atividade. Representantes da Transpetro conversaram com os de estaleiros argentinos. De montadoras, com os do setor de autopeças, por exemplo. O tema das barreiras a produtos – como calçados, vestuário, autopeças e linha branca – ficou de lado. Em fevereiro, a Argentina estabeleceu um sistema de licenças para autorizar importações com a meta de impedir a fuga de capitais e equilibrar a balança comercial.

"O fato de [as barreiras] não terem sido o assunto principal é uma indicação forte de que esse problema deve se diluir prontamente. Há sinais por parte do governo de que haverá uma solução no que diz respeito ao problema no Mercosul", disse Miguel Ponce, da Câmara de Importadores Argentinos.

Pesquisa da Fiesp com 211 empresas brasileiras identificou 38 produtos argentinos apontados como estratégicos e competitivos, segundo o governo Cristina Kirchner. Somente desses produtos, o Brasil comprou US$ 2,054 bilhões do país vizinho em 2011. Adquiriu US$ 12,1 bilhões de outras nações.

A Fiesp defende que boa parte dessas compras seja redirecionada para fornecedores argentinos. A sondagem mostrou que metade das empresas consultadas considera a possibilidade de comprar da Argentina no médio prazo.

Três voos fretados trouxeram a São Paulo 580 empresários argentinos de 270 empresas. A missão comercial foi chefiada por Guillermo Moreno, secretário de Comércio Interior e homem forte do governo Kirchner.

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A Fiesp quer a reaproximação comercial sob a lógica de que o "reequilíbrio" entre os dois países possa levar o principal parceiro do Mercosul a baixar a guarda. "O objetivo é pensar em como eliminar os obstáculos e aumentar o comércio. O Brasil vendendo mais e comprando mais dos argentinos, buscando equilíbrio na balança comercial", disse Skaf.

Por ora, os números do comércio bilateral indicam piora do ambiente. As exportações brasileiras para a Argentina caíram 11,7% de janeiro a abril deste ano na comparação com igual período de 2011. As importações do Brasil também cederam: ficaram 7,3% menores.

Para Ponce, representante dos importadores argentinos, a reunião de hoje em São Paulo foi satisfatória. "Tudo o que for feito de boa vontade para melhorar a cooperação bilateral é uma iniciativa. Para os argentinos, é muito importante esse sinal de apoio vindo do Brasil. A convocatória para a reunião foi vista dessa forma", disse.