Produtos antes descartados pelas oficinas mecânicas, como lubrificantes e vidros, podem ser reciclados| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo

Dificuldade

Informalidade é obstáculo para responsabilizar oficinas mecânicas

Colocar em prática um plano de destinação de resíduos sólidos é um desafio e tanto para o setor de reparação de veículos, onde 70% das empresas ainda estão na informalidade. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Paraná (Sindirepa), Wilson Bill, são cerca de 25 mil empresas no setor no estado, a maioria de micro e pequeno porte.

A iniciativa apresentada ontem reunirá esforços de nove sindicatos regionais de oficinas. A intenção, de acordo com Bill, é buscar subsídio financeiro para bancar os investimentos nos planos de logística reversa. A meta é que já em 2014 cerca de 400 empresas adotem o plano de gerenciamento de resíduos sólidos no estado. Em 2015, a meta sobre para mil.

Já o presidente Sindicato das Empresas de Eletricidade, Gás, Água, Obras e Serviços do Estado do Paraná (Sineltepar), Valcideir Garcia Ferreira, diz que o plano de logística reversa do setor deve envolver cerca de 200 empresas no Paraná – 76 associadas à entidade. São empresas que geram como resíduos transformadores, cabos de alumínio, postes de concreto e isoladores de porcelana e poliméricos. "Esses dois últimos, que isolam a alta tensão, hoje são armazenados em depósitos pelas empresas e poderiam ser reciclados e utilizados por outras indústrias", acrescenta.

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Após meses de negociação, a indústria começa a adotar planos para a destinação adequada de resíduos gerados pelo consumo de seus produtos. Dois setores – o de reparação de veículos e o de eletricidade, gás, água, obras e serviços – apresentaram ontem à Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) os dois primeiros projetos nessa área no Paraná. A iniciativa faz parte de um termo de compromisso assinado no fim de 2012 que prevê que 13 setores da indústria paranaense adotem a chamada logística reversa, prevista na Lei 12.305/2010, pela qual o produto faz o caminho contrário após o seu consumo, voltando até o fabricante.

Segundo a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), os demais setores que devem apresentar seus planos de logística reversa nos próximos meses são os da construção civil; da tecnologia da informação e comunicação; têxtil e vestuário; metalmecânico e eletroeletrônico; gráfico; químico; de cerâmica; minerais não metálicos; alimentos de origem animal e vegetal; borracha; móveis e madeira; e papel e celulose. "O próximo setor a apresentar seu plano deve ser o de móveis e madeira, mas já estão em elaboração os projetos na área de metalmecânica e construção civil", diz Elcio Herbst, consultor ambiental do Senai-PR, que participou da elaboração dos projetos.

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Detalhes

Cada plano apresentando, com cerca de 100 páginas, apresenta a estrutura produtiva de cada segmento industrial, o tipo de resíduo gerado, a atual destinação e as possibilidades de reaproveitamento futuro. Segundo Herbst, a indústria do Paraná é pioneira na iniciativa de elaborar planos nessa área. A fiscalização do cumprimento dos objetivos será feita pela Sema e as secretarias municipais de Meio Ambiente.

O setor de oficinas mecânicas, por exemplo, terá de dar destinação adequada a uma série de produtos e subprodutos, como óleo contaminado, embalagens, estopas, panos, papel, borra de tinta, borracha e vidros. Muitos desses itens são descartados em lixo comum hoje, mas poderiam ser reaproveitados, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Paraná (Sindirepa), Wilson Bill. O óleo, por exemplo, pode passar um novo processo de refino. Os vidros poderiam ser reaproveitados por meio de reciclagem.

Futuro

Segundo Herbst, no médio prazo a implantação da logística reversa deve impulsionar a indústria de reciclagem, com o reaproveitamento de materiais e o fortalecimento da cooperativas de catadores, e estimular a inovação. "Com o aumento do custo para dar destinação adequada, a indústria terá que desenvolver produtos mais ambientalmente amigáveis", diz.

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