Produção cersce mais
O faturamento da indústria do Paraná parece não estar acompanhando o ritmo de aumento da produção. Na semana passada, o IBGE divulgou que, no acumulado de janeiro a abril, a chamada "produção física" do estado aumentou 6,4%. Bem mais que o dinheiro que entrou no caixa das empresas, que cresceu só 0,3%, segundo a Fiep.
Os últimos resultados da indústria do Paraná motivaram a Fiep a revisar para cima suas projeções para o desempenho do setor. O departamento econômico da federação das indústrias, que até um mês atrás previa para o primeiro semestre deste ano um faturamento "pouco inferior" ao do mesmo período de 2011, agora fala em crescimento de 3%, já descontada a inflação.
A previsão consta do boletim mensal Indicadores Conjunturais, divulgado no início da semana. Apesar da melhora, os economistas da Fiep deixam claro que repetir as taxas de crescimento do ano passado de 8,4% no primeiro semestre e 5,8% nos 12 meses está fora de cogitação.
A última sondagem da Fiep, referente a abril, mostrou que a indústria está avançando bem mais devagar que em 2011 na verdade, está praticamente estagnada , mas que pelo menos conseguiu interromper o movimento de contração observado no primeiro trimestre.
Prejudicado por uma forte queda no primeiro mês do ano, o faturamento do setor de janeiro a março foi 0,7% menor que o registrado no primeiro trimestre de 2011. Mas, na soma dos quatro primeiros meses do ano, a indústria passou a exibir leve alta, de 0,3%, em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
Em abril, as receitas recuaram 2,2% em relação a março, por causa do feriado de Páscoa, e aumentaram 3,1% sobre abril do ano passado. Para concretizar a previsão de um avanço semestral de 3%, no entanto, a indústria terá de avançar bem mais rápido que isso algo em torno de 8% em maio e junho, na comparação com os mesmos meses de 2011.
O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, diz trabalhar com a perspectiva de que o faturamento ao fim deste ano seja "muito parecido" com o de 2011. Segundo ele, se por um lado o atual cenário macroeconômico preocupa, por outro as medidas baixadas pelo governo federal tendem a dar algum estímulo à atividade nos próximos meses.
Segmentos
Além de bem mais lento que no ano passado, o desempenho da indústria não é homogêneo. De um total de 18 segmentos, dez relatam estar faturando mais que no ano passado e oito, menos, segundo a Fiep o levantamento abrange empresas que representam mais de 90% do faturamento e mais de 40% do total de empregados da indústria paranaense.
Na comparação com o primeiro quadrimestre de 2011, as quedas de receita mais expressivas são as dos ramos de edição e impressão (-15,6%), metalurgia básica (-20,1%) e móveis e indústrias diversas (-22,3%). Outra indústria que faturou menos foi a de veículos automotores: de janeiro a abril, as receitas das montadoras caíram 3,1%. Mas os dados mensais sugerem que esse segmento está se recuperando: após cair em janeiro e fevereiro, o faturamento das fábricas cresceu no bimestre seguinte.
Destinos
Outro indicador que revela a irregularidade do crescimento da indústria paranaense é o que mede as vendas por destino. Enquanto as vendas para outros países cresceram 8,3% de janeiro a abril, as entregas para clientes do Paraná despencaram 7,2%. As vendas para outros estados, por sua vez, aumentaram 2,1%.
No ano passado, ocorria o oposto: as encomendas de dentro do Paraná compensavam o enfraquecimento da demanda de outros estados e do exterior.
O resultado das exportações neste ano até surpreendente em meio à crise internacional pode ter a ver com a alta do dólar, que eleva as receitas dos exportadores. Segundo o Banco Central, a cotação média da moeda norte-americana entre janeiro e abril foi de R$ 1,79, cerca de 9% maior que no mesmo intervalo de 2011.
Emprego no setor aumenta 4,1%, a taxa mais alta do país
O número de empregados na indústria paranaense aumentou 4,1% em abril, na comparação com o mesmo mês de 2011, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento, o mais forte dentre os dez estados pesquisados, contrasta com o mau desempenho da média nacional: em todo o país, o nível de emprego recuou 1,4%.
O Paraná também se destacou na folha de pagamento real. O valor total dos salários pagos aos empregados da indústria local aumentou 9,1%, ante um avanço de 4,2% no indicador nacional. Por outro lado, diz o IBGE, o salário médio do trabalhador avançou menos no estado (4,8%) que em todo o país (5,6%).
A Fiep, que usa metodologia diferente da do IBGE, também detectou avanços no nível de emprego na indústria paranaense que, na média de janeiro a abril, atingiu o ponto mais alto da série histórica da federação, iniciada em 1996. De acordo com a Fiep, o total de empregados na área da produção em abril era 3,4% maior que no mesmo mês do ano passado. Na soma de todos os trabalhadores da indústria, que inclui a área administrativa e outras, o nível de emprego aumentou 2,1%.
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