A indústria brasileira encolheu 3,2% em 2014, o pior resultado desde 2009, ano da crise financeira internacional, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado aumenta a expectativa de estagnação na atividade no quarto trimestre do ano passado e reforça a expectativa de uma contração no Produto Interno Bruto (PIB) em 2015.
"Foi um ano em que não se conseguiu produzir. Se olharmos para 2015, as perspectivas já não são boas e colocam um viés de recessão", avaliou o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, que prevê recuo entre 0,15% e 0,20% no PIB fechado de 2015. Se depender das previsões do mercado, a indústria deve voltar a contribuir negativamente para o PIB neste ano. A LCA Consultores enxerga nova queda na indústria em 2015, embora mais amena que a de 2014. "Nossa projeção atual é de queda próxima de 1,3% [na produção industrial], ainda sem incorporar os possíveis efeitos dos racionamentos de água e energia sobre a produção manufatureira", pondera.
Segundo o IBGE, mais preocupante do que a queda da indústria em 2014 é a piora registrada nos últimos meses do ano. A produção recuou 1,6% no quarto trimestre de 2014 em relação ao trimestre imediatamente anterior.
A fabricação de automóveis e caminhões despencou 16,8% no ano passado, maior impacto sobre o resultado geral, e ainda contaminou atividades fornecedoras de insumos para as montadoras, como borracha e plástico, metalurgia, máquinas e materiais elétricos, e outros produtos químicos.A menor produção de caminhões afetou o resultado da categoria de bens de capital queda de 9,6%. A redução na fabricação de automóveis prejudicou a categoria de bens de consumo duráveis, que caiu 9,2% no período, o pior resultado desde 2003.
Apesar da pressão das perdas do setor automotivo, a retração teve perfil disseminado: 20 entre as 26 atividades industriais pesquisadas registraram perdas no ano.