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Redução do IPI para carros e móveis não surte o efeito esperado

Os benefícios fiscais concedidos aos fabricantes de veículos e móveis no ano passado não foram suficientes para impedir que esses setores registrassem quedas recordes em 2014. A indústria automobilística, que teve até 31 de dezembro alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzida, recuou 16,8%, pior desempenho da série histórica, iniciada em 2002. Já o segmento moveleiro – que teve o mesmo tipo de incentivo – recuou 7,4%, o mais intenso desde 2003.

Para Aloísio Campelo, professor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, os dados mostram que a estratégia de tentar aliviar a indústria por meio de estímulos ao consumo deixou de ter os mesmos efeitos que os obtidos logo após o estouro da crise financeira global, em 2009. A prorrogação das desonerações, em junho do ano passado, até ajudou a atenuar a retração, que, no setor de automóveis, chegou a mais de 18%. Mas não foi o bastante para evitar o recorde negativo.

Agência O Globo

A indústria brasileira encolheu 3,2% em 2014, o pior resultado desde 2009, ano da crise financeira internacional, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado aumenta a expectativa de estagnação na atividade no quarto trimestre do ano passado e reforça a expectativa de uma contração no Produto Interno Bruto (PIB) em 2015.

"Foi um ano em que não se conseguiu produzir. Se olharmos para 2015, as perspectivas já não são boas e colocam um viés de recessão", avaliou o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, que prevê recuo entre 0,15% e 0,20% no PIB fechado de 2015. Se depender das previsões do mercado, a indústria deve voltar a contribuir negativamente para o PIB neste ano. A LCA Consultores enxerga nova queda na indústria em 2015, embora mais amena que a de 2014. "Nossa projeção atual é de queda próxima de 1,3% [na produção industrial], ainda sem incorporar os possíveis efeitos dos racionamentos de água e energia sobre a produção manufatureira", pondera.

Segundo o IBGE, mais preocupante do que a queda da indústria em 2014 é a piora registrada nos últimos meses do ano. A produção recuou 1,6% no quarto trimestre de 2014 em relação ao trimestre imediatamente anterior.

A fabricação de automóveis e caminhões despencou 16,8% no ano passado, maior impacto sobre o resultado geral, e ainda contaminou atividades fornecedoras de insumos para as montadoras, como borracha e plástico, metalurgia, máquinas e materiais elétricos, e outros produtos químicos.A menor produção de caminhões afetou o resultado da categoria de bens de capital – queda de 9,6%. A redução na fabricação de automóveis prejudicou a categoria de bens de consumo duráveis, que caiu 9,2% no período, o pior resultado desde 2003.

Apesar da pressão das perdas do setor automotivo, a retração teve perfil disseminado: 20 entre as 26 atividades industriais pesquisadas registraram perdas no ano.

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