Projetos para incentivar os setores ligados à indústria petrolífera se justificam pelas metas de nacionalização que tanto a Agência Nacional do Petróleo quanto a Petrobras vêm estabelecendo para os campos explorados no Brasil. Além disso, o governo federal já acenou que quer aproveitar o pré-sal para fortalecer a produção nacional.
"O governo está apostando na indústria petrolífera. Isso fica claro com a demonstração do BNDES de que haverá recursos para o setor", diz o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures. "Precisamos aproveitar nossa boa base acadêmica e industrial para achar nichos onde o Paraná tem chances de atuar."
"Não é preciso estar de frente para a área do pré-sal para fornecer ao setor. Minas Gerais não tem mar, mas fornece chapas de aço para a indústria naval", comenta Caio Pimenta, superintendente de abastecimento da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip). "Quem tem tecnologia básica pode ampliar a produção para atender o setor." Ele lembra que as linhas do BNDES estão com juros reduzidos, algumas com taxas de 4,5% ao ano e que o conteúdo nacional nos projetos está aumentando. As plataformas contratadas mais recentemente pela Petrobras, por exemplo, tinham mais de 70% das peças feitas no país.
Segundo Pimenta, a indústria nacional tem de correr para ganhar competitividade para não depender do mercado interno no longo prazo. Nas contas da Petrobras, a maior parte dos equipamentos feitos no Brasil ainda é mais cara do que os importados. Válvulas custam de 10% a 30% mais, enquanto painéis e cabos elétricos são de 10% a 15% mais caros.
A melhoria envolve empresas de todos os portes. Tanto que a companhia fez uma parceria com o Sebrae para capacitar pequenos fornecedores. No Paraná, 220 firmas já passaram pela consultoria que ensina as exigências da Petrobras. "Ela compra serviços de todos os tipos, incluindo alimentação e hotelaria, peças, serviço de usinagem, entre outros", conta Pedro César Rychuv Santos, consultor do Sebrae-PR. "Para as pequenas a demanda tende a ser mais regional, mas é possível o negócio crescer e fornecer para unidades da Petrobras em outros estados."
Com bons centros de pesquisa e uma indústria com potencial de expansão, o Paraná precisa dar escala à cadeia do petróleo se quiser segurar a mão de obra qualificada. "Existe um descompasso entre a capacitação de pessoal e o mercado de trabalho no estado. Não está claro que haverá empregos por aqui. É preciso ligar todas as pontas", diz Roberto Gregório da Silva Jr., professor da UFPR e coordenador no IEP.
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