Emprego
Desemprego continua em baixa, mas geração de vagas perde força
O desemprego continua em baixa, mas um movimento que ficou evidente no primeiro semestre foi a queda no volume de geração de novas vagas no mercado de trabalho.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que o saldo entre contratações e demissões no Brasil caiu 27% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado, para 1,047 milhão. No Paraná, o saldo no primeiro semestre ficou em 89,1 mil vagas, cerca de 10% inferior ao do mesmo período de 2011.
No Paraná, a indústria da transformação foi a que registrou maior redução no saldo de vagas, que diminuiu 22%. Em segundo lugar ficou a construção civil, com baixa de 11%, seguido pelo comércio, com declínio de 6%. Para Thais Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, um efeito mais forte desse movimento deve ser notado no fim do ano, com o aumento de demissões em setores como construção civil e comércio.
Primeiro setor a sentir os sintomas da crise internacional, a indústria vem patinando com exportações fracas, concorrência com importados e aumento de ociosidade nas fábricas. A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) prevê que produção industrial no estado deve crescer 3,5% neste ano, metade da registrada em 2011.
"A indústria já tinha, no fim do ano passado, a previsão de que 2012 não seria um ano tão bom, mas o ano tem sido marcado por aumento de custos tanto de mão de obra como de insumos e atividade interna em queda", afirma Roberto Zurcher, analista do Departamento Econômico da federação.
Em junho, o índice de utilização da capacidade instalada das fábricas do estado estava em 77%, contra 80% no mesmo período do ano passado. As vendas industriais caíram 10,9% em junho em relação ao mês anterior, mas no primeiro semestre ficaram 2,8% superiores às do mesmo período do ano passado.
Segundo Zurcher, os investimentos do setor têm sido postergados, embora haja grandes investimentos já programados por empresas como Renault, Klabin, Case New Holland (CNH) e Petrobras. "O que vemos hoje já estava programado. Mas alguns investimentos menores estão sendo adiados ou suspensos", diz.
Incentivos
Para ele, o governo federal tem atacado o problema da indústria de modo pontual. Os incentivos previstos no programa Brasil Maior, lançado há um ano, como desonerações e mais crédito para investimento, têm efeito, mas relativo. As empresas ainda aguardam definições mais claras de como o cenário nacional e internacional vai se comportar para retomar investimentos.
Para o Paraná, a perspectiva é de uma melhora a partir do fim do ano em alguns setores, como de máquinas e equipamentos, álcool e alimentos, embalados principalmente pelos resultados do agronegócio. "A economia do campo gera renda que beneficia outras indústrias, como as de alimentos e de máquinas, como tratores e colheitadeiras", diz.
Câmbio
O aumento da cotação do dólar ainda não teve o efeito esperado sobre as exportações e, de quebra, vem prejudicando quem depende de insumos importados, como é o caso das indústrias química, metalmecânica e eletroeletrônica.
O dólar melhora a margem de rentabilidade das exportadoras, mas ainda não é suficiente para recuperar mercados no exterior, segundo Zurcher. O aumento das vendas vai depender da demanda internacional e da retomada de clientes que passaram a comprar de outros fornecedores, mais competitivos que o Brasil nos últimos anos.
Um exemplo é o caso da indústria da madeira, que chegou a exportar 50% da produção e hoje envia ao exterior apenas 15%. Os compradores internacionais migraram para outros mercados, principalmente da Ásia. "Além disso, a demanda ainda está fraca e refletindo os efeitos da crise imobiliária americana", diz.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o primeiro semestre foi perdido para o setor, e a recuperação só deverá vir em 2013. A entidade prevê que o país deve crescer 2,1% em 2012 e revisou para baixo a projeção de crescimento do PIB industrial de 2% para 1,6% em 2012.
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