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Máquina à venda durante a Agrishow, maior feira de agronegócios do país:  evento movimentou R$ 1,1 bilhão, cerca de 20% a mais do que a expectativa inicial | Antonio Sérgio de Souza/Gazeta do Povo
Máquina à venda durante a Agrishow, maior feira de agronegócios do país: evento movimentou R$ 1,1 bilhão, cerca de 20% a mais do que a expectativa inicial| Foto: Antonio Sérgio de Souza/Gazeta do Povo

Análise

Empresários mostram confiança

O bom desempenho do setor de máquinas e equipamentos mostra que os empresários paranaenses estão com uma visão positiva da economia. "O crescimento da demanda e das vendas deste tipo de produto são um sinal de otimismo. Afinal, estão comprando maquinários", diz o economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) Roberto Zurcher.

Do lado do consumidor, o desempenho dos refrigeradores de uso doméstico, os produtos da linha branca e o setor automotivo refletem a conjuntura econômica atual – crédito farto, aumento da massa salarial e também ascensão das classes mais pobres para a classe média. Março foi, por exemplo, um mês recordista no número de emplacamento de automóveis no país (337 mil licenciados). O otimismo, porém, caiu em abril.

Mesmo com o aumento recente da taxa básica de juros – coisa que não acontecia desde 2008 – em função da pressão inflacionária, Zurcher diz que ainda demora alguns meses para criar interfência na demanda.

A conjuntura de aquecimento da economia doméstica, retomada do agronegócio e novos investimentos das empresas – mirando inclusive a Copa do Mundo de 2014 – empurrara a produção industrial do Paraná, que em março cresceu 18,6% frente a fevereiro, após recuar 5,7% no primeiro bimestre. Foi o melhor resultado do país – a média nacional ficou em 2,8%. O crescimento do mês contribuiu para que o estado lidere, ao lado de Goiás, os índices de recuperação industrial desde o início da crise financeira mundial, em setembro de 2008. Os dois estados apresentam um ganho de 19% sobre a produção daquela época.Na indústria paranaense, o desempenho pós-crise reflete a queda inicial de 14,8% entre o período de setembro a dezembro de 2008 e o crescimento posterior de 39,6%, desde o início de 2009 até março de 2010. Das regiões brasileiras pesquisadas, seis ainda apresentam resultados negativos nesta comparação, entre elas São Paulo, com -0,9%. A média nacional ainda está em -0,1%, de acordo com os dados sazonalmente ajustados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)."Apesar das variações mensais e existência de picos pontuais, a indústria do Paraná está mostrando crescimento nas análises de maior prazo. Um exemplo é a média móvel trimestral, que cresce consecutivamente desde julho, além do indicador acumulado em 12 meses, que após permanecer oito meses em queda, fechou março com indicador positivo de 1,1%", diz o economista do IBGE Fernando Abrita. A média móvel trimestral é um índice que suaviza as variações pontuais de determinados setores.

Na comparação mensal contra o mesmo mês de 2009, houve crescimento de 23,7% na produção paranaense, o sexto resultado positivo consecutivo. O resultado reflete não apenas a aceleração no ritmo da produção, mas também a base de comparação retraída do ano passado, que ainda sofria efeitos da crise financeira. Os maiores destaques setoriais de produção nesta comparação foram os desempenhos de veículos automotores (54,1%), principalmente nos setores de automóveis e caminhões; de edição e impressão (47,9%), com novas demandas de livros didáticos; além do setor de máquinas e equipamentos, que cresceu 56,7% em relação ao ano passado.

Máquinas e equipamentos

Os produtos que mais influenciaram a alta na produção foram os de bens de capital – máquinas para fabricar matéria-prima do setor de celulose, tratores, máquinas agrícolas e colheitadeiras, além de refrigeradores para uso doméstico e residencial. A maior demanda por equipamentos foi sentida recentemente pela Friger, indústria de Curitiba, que viu sua demanda aumentar cerca de 65% este ano. Em atividade desde 2005, a fabricante de freezers, expositores para frios e refrigeradores para cozinhas industriais, restaurantes e açougues, iniciou o ano produzindo 300 equipamentos por mês, número que atualmente está em 500. "Compramos duas novas máquinas e estamos fazendo um turno extra para dar conta da demanda", conta a diretora comercial da empresa, Fernanda Gaudencio Martini.

Otimista, ela acredita na continuidade da demanda especialmente a partir do segundo semestre. "O mercado melhorou bastante e ainda teremos uma ‘ajuda’ da Copa do Mundo, quando deve haver um aumento significativo nas vendas de bebidas." Além disso, a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os refrigeradores também foi apontado com um fator decisivo na alta.

Colaborou Marina Bollmann Fabri

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