Os empresários querem que o pacote de estímulo à indústria que será anunciado hoje pela presidente Dilma Rousseff em Brasília seja mais "agressivo" para combater a perda de competitividade do setor. Algumas das medidas já antecipadas pelo governo como redução do IPI para móveis e ampliação por mais três meses do benefício para eletrodomésticos de linha branca, reformulação das linhas de financiamento do BNDES e ampliação do acesso a linhas de crédito para exportações ainda são consideradas tímidas pelas empresas.
Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, as medidas anunciadas até agora são bem-vindas, mas falta a elaboração de uma política industrial bem definida, que possa oferecer à indústria segurança para investir no médio e longo prazo. "Temos de rediscutir, dentre outras questões, a reforma tributária e fiscal. Além disso, as mudanças não podem ser temporárias", diz.
O pacote prevê a reformulação nas linhas de financiamento do BNDES, ampliação em R$ 18 bilhões do limite de financiamento das linhas do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e mudanças nas linhas para exportadores por meio do Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC).
Segundo Campagnolo, deve ser anunciada a redução de PIS e Cofins para exportadores. A desoneração da folha de pagamento deve ser ampliada para nove setores e há a previsão de criação de 19 câmaras temáticas para discutir a competitividade da indústria.
O setor industrial do Paraná, de acordo com ele, defende que a desoneração da folha passe a valer também para o setor de alimentos e seja ampliada para o vestuário que já havia sido beneficiado pelo programa Brasil Maior.
O setor de vestuário vem sofrendo com a concorrência com importados. "Outra questão importante é que os benefícios concedidos têm de beneficiar toda a cadeia e não apenas a ponta da produção", defende Marcelo Surek, coordenador do conselho de vestuário do Paraná.
Dinheiro
Para Clecio Chiamulera, diretor de operações da Ibema, fabricante de papel cartão, e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Paraná (Ibef), faltam medidas mais estruturais, que comportem redução geral de carga tributária e reforma fiscal, além de melhorias de infraestrutura. "Não adianta dar dinheiro para exportar se não temos para quem vender e nosso concorrente asiático chega ao mercado nacional com preços que representam 30% dos nossos custos. O setor de papel e celulose não se beneficiou de nenuma medida até agora", diz. A Ibema exporta 30% da produção de 8 mil toneladas por mês principalmente para a Europa. Segundo ele, a situação da indústria nacional está ainda mais complicada porque a demanda não está reagindo como o esperado. As vendas no primeiro trimestre foram 10% menores que no mesmo período do ano passado. O cenário adverso fez a empresa adiar parte do projeto de ampliação da capacidade, orçado em R$ 40 milhões no total. "Vamos esperar para ver como o mercado se comporta", diz.
Colaborou Euclides Garcia