Engrossando o coro
Com medo de queda nas vendas, varejo também quer prorrogação
O varejo sustenta o pedido de redução do IPI com índices futuros de venda, todos apontando para queda. Segundo o economista Cláudio Felisoni, do Programa de Administração do Varejo (Provar), embora a taxa básica de juros, a Selic, esteja em queda, o juro ao consumidor continua alto (43,8% ao ano), o que afasta os clientes das lojas. O prazo médio de financiamento caiu depois que a taxa de inadimplência ficou mais alta com a desaceleração da economia, prejudicando as vendas. Felisoni diz que, sazonalmente, as vendas nos primeiros três meses do ano são inferiores às registradas no quarto trimestre do ano anterior, mas a situação em 2012 está ainda mais complicada.
"O faturamento do setor deve cair 7,7% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os últimos três meses de 2011. É uma queda significativa. As vendas estão muito lentas e espera-se que o governo reedite a medida para trazer mais fôlego às compras", afirma Felisoni.
De acordo com uma pesquisa de intenção de compra do Provar, as vendas totais do varejo devem crescer apenas 3,2% ao fim do primeiro trimestre deste ano, contra um crescimento de 12,9% em março de 2011. Felisoni disse que não há impedimento para a manutenção da alíquota menor, já que não existe pressão inflacionária sobre os preços.
O consultor especializado em varejo Eugênio Foganholo diz que as vendas da indústria para o comércio estão mais aquecidas que as vendas do varejo para o consumidor, o que mostra a preocupação dos lojistas com a formação do estoque antes que o prazo para o IPI menor expire. "A redução do imposto não alavancou as vendas como no passado, e a manutenção do IPI menor é uma possibilidade. Diminuir imposto é sempre bom, já que o nível de atividade cresce", afirma Foganholo.
Indústria e varejo já pediram ao governo a reedição da medida que reduziu, no fim do ano passado, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para itens da linha branca, como geladeiras, fogões e máquinas de lavar. Para o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, o ideal é que a medida que expira em março seja estendida pelo menos por mais três meses.
Segundo Kiçula, a redução da alíquota só traz vantagens. Ele argumenta que desde que o IPI foi reduzido, no início de dezembro de 2011, a indústria contratou 2 mil pessoas para atender aos pedidos do varejo. Antes da redução do IPI, os fabricantes de linha branca programavam férias coletivas.
"A indústria ainda não entregou um pedido oficial ao governo para a reedição da medida, mas já fez algumas reuniões. Existe até a intenção de pedir a continuidade da proposta atrelada à eficiência energética dos produtos. Ou seja, quem fabricar um produto que consuma menos energia também paga menos imposto", sugere Kiçula.
A redução do imposto, adotada também em 2008, faz parte de um pacote para estimular o aumento do consumo das famílias no Brasil e valerá até 31 de março deste ano. A alíquota passou de 4% para zero no caso dos fogões. A queda foi de 15% para 5% em geladeiras e de 20% para 10% em máquinas de lavar. O imposto dos tanquinhos foi reduzido de 10% para zero.
A Whirlpool Latin America, dona das marcas Brastemp e Consul, disse que a redução do IPI levou a um aumento expressivo da demanda por eletrodomésticos em todo o país. A empresa registrou um acréscimo nas vendas de 15% a 20% em janeiro de 2012, sobre o mesmo período de 2011, nas categorias beneficiadas pela redução do imposto. Com a medida, a companhia espera um aumento do volume de vendas no primeiro trimestre. A estimativa é de que as vendas cresçam entre 10% e 15% em volume, comparando o primeiro trimestre de 2012 com o mesmo período do ano passado. Mabe (que representa GE e Dako) e LG não se manifestaram.
Apesar da redução do IPI, o preço dos produtos de linha branca subiu. O IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), captou em janeiro aumento médio de 0,88% nos preços do subgrupo Eletrodomésticos e Equipamentos, contra uma queda de 2,68% em dezembro. A geladeira ficou 0,50% mais cara. O preço da máquina de lavar subiu aumentou 0,24%; o do fogão, 0,21%; e o do micro-ondas, 0,05%.
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