Para a indústria nacional, a entrada de importados representa o risco de perder mercado durante a retomada da economia. Diversos setores, como calçadista, de brinquedos e de confecções, reclamam que não conseguem competir com fornecedores estrangeiros. O principal alvo da reclamação é a China. Recentemente, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), fez um levantamento mostrando que os preços de vários produtos chineses caíram mais do que a variação cambial, ou seja, ficaram mais baratos em dólares.
"A China perdeu parte das vendas que fazia para Estados Unidos, Europa e Japão por causa da crise. Esses produtos precisam ser colocados em outros mercados, entre eles o Brasil", diz Fernando Pimentel, diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit). A reclamação procede para algumas mercadorias, como roupas e acessórios em geral, e tecidos de malha, cujas importações continuaram subindo em 2009.
Na opinião de Pimentel, o risco de perder a competição para a China decorre de uma combinação de dois fatores. O primeiro é o câmbio fixo chinês sua moeda, o renminbi, não ganhou força diante do dólar, como ocorreu com o real, que se valorizou 26% em 2009. Além disso, há problemas internos, como a infraestrutura problemática e a alta carga tributária. "O varejo de vestuário teve uma queda de 6% neste ano, enquanto a produção interna caiu 10%. A diferença foi preenchida por importados", completa Pimental.
A pressão dos chineses fez com que a indústria calçadista conquistasse uma proteção adicional. Desde o mês passado, é cobrada uma sobretaxa de US$ 12,47 por par de calçados que vem da China, além da tarifa de 35%. Com isso, a entrada desse tipo de produto caiu 20%, segundo a Abicalçados, associação que representa o setor. O movimento foi criticado por marcas que dependem do fornecimento externo, como a Nike, que conseguiu uma liminar retirando a sobretaxa de tênis de alta performance. (GO)