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Setor Produtivo

Indústria retornará ao nível pré-crise no 1.º semestre

Produção de artigos de informática, um dos segmentos mais bem recuperados, foi beneficiada pela redução nos custos e pela popularização dos equipamentos | Giuliano Gomes/AE
Produção de artigos de informática, um dos segmentos mais bem recuperados, foi beneficiada pela redução nos custos e pela popularização dos equipamentos (Foto: Giuliano Gomes/AE)

O número de atividades industriais que já retornaram a níveis de produção iguais ou superiores a setembro de 2008, mês de patamar recorde do setor, antes dos efeitos da crise, está ampliando gradativamente. Com isso, o setor deve retomar o patamar pré-crise ainda neste primeiro semestre, segundo analistas. De 27 atividades industriais pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro, seis registraram crescimento na produção nessa comparação. Em setembro, eram cinco atividades com expansão nesse confronto.O gerente executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, acredita que em "meados" deste primeiro semestre a maior parte dos setores já terão superado as marcas do mês pré-crise, ainda que alguns segmentos predominantemente exportadores devam mostrar uma recuperação mais lenta.O ex-secretário de política econômica e professor da Unicamp, Julio Sérgio Gomes de Almeida, avalia que a maior parte das atividades industriais deve retornar ao patamar de antes da crise até abril. Ele ressalta que, se essa perspectiva for confirmada, o setor terá trabalhado um ano e meio "para chegar ao mesmo lugar", ou seja, aos níveis de antes das turbulências. "Para a economia brasileira como um todo a crise foi uma marola, mas para a indústria ficou longe disso", ressaltou.

Os "recuperados"

Em novembro, os segmentos que já mostraram resultados positivos em relação a setembro de 2008 destacam-se por mostrar uma recuperação bem mais forte do que a indústria em geral, cuja produção ainda está 5,9% abaixo daquele período. Esses segmentos destacados são máquinas para escritório e equipamentos de informática (1,1%), outros produtos químicos (2,8%), perfumaria e produtos de limpeza (8,5%), celulose, papel e produtos de papel (2,1%), bebidas (9,7%) e alimentos (0,4%).

Castelo Branco observa que esse conjunto de segmentos é "bastante diverso" e "não há uma lógica global" que explique o desempenho de todos eles. No que diz respeito aos artigos de informática, por exemplo, ele lembra que esse segmento tem sido beneficiado por incentivos tributários e redução de custos de fabricação, além de uma popularização na aquisição dos equipamentos. Produtos de limpeza, bebidas e alimentos, como ele lembra, estão sendo impulsionados pelo aquecimento do mercado interno e a manutenção do poder de compra dos trabalhadores.

Mistério da celulose

O mesmo fator doméstico e mercado de trabalho, segundo ele, pode estar ajudando as empresas de outros químicos. O mistério, para o economista, está no incremento de celulose. "Pode ter relação com a venda de papel para fabricação de embalagens que atendam o mercado interno, mas é estranho por ser um segmento tão exportador", explica. Gomes de Almeida acredita que a reação do segmento de celulose está relacionada ao forte aumento da demanda chinesa pelo produto, que cresceu bem acima do esperado.

Para Castelo Branco, os desafios de reação nos próximos meses estarão concentrados nos segmentos mais exportadores, que ainda vão enfrentar um mercado internacional com demanda reduzida e as dificuldades geradas pelo câmbio e problemas de competitividade. Segundo ele, essa dificuldade de inserção no mercado externo deveria reduzir a euforia com a recuperação da indústria exclusivamente voltada para o mercado doméstico.

Exportação travada

O economista da CNI explica que é muito positivo que o mercado interno esteja em expansão, pois isso possibilita um patamar de crescimento mais forte para o setor industrial. Porém, no médio e longo prazo, segundo ele, até mesmo as indústrias voltadas para dentro do país podem vir a ser prejudicadas pelas dificuldades dos segmentos exportadores.

"A integração ao mercado mundial possibilita o desenvolvimento de produtos e aumento de competitividade. Sem isso, fica mais difícil para as empresas até mesmo competir com os artigos importados no mercado interno", explica. Castelo Branco acredita que em 2010 a expansão da indústria será puxada por bens de capital (máquinas e equipamentos) com a retomada dos investimentos e pela produção de bens de consumo duráveis.

Gomes de Almeida também fala em crescimento forte da indústria este ano. Para ele, a "parada" no forte ritmo de expansão que foi diagnosticada pelos dados do IBGE de novembro e já mostra persistência em alguns indicadores do setor em novembro é "pontual" e pode estar relacionada ao temor das empresas de que a formação de estoques elevados levaria a problemas similares aos enfrentados no início de 2008.

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